Entrevista Agenda Rio com Maysa Gil e Wilson Vasconcelos da IJCA: o GIRO que o Rio precisa dar na educação

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Texto por
Comunicação Casa
Data
28 de abril de 2020

Maysa Gil é coordenadora executiva e Wilson Vasconcelos é analista de projetos sociais do Instituto Jelson da Costa Antunes. O IJCA atua no leste metropolitano do Rio de Janeiro, com foco na debate das políticas de educação e cultura para a região e na ampliação de oportunidades para juventude popular local. Entre as ações desenvolvidas estão as oficinas de aprendizagem para a qualificação profissional, programa de bolsas com acompanhamento e reforço escolar para o Ensino Médio, entre outras frentes.

Segunda entrevista Agenda Rio 2030 conversa com o IJCA sobre educação.

A partir das suas trajetória na IJCA conversamos com Maysa e Wilson sobre um dos temas mais centrais para enfrentamento das desigualdades, a Educação. Com capítulo inteiramente dedicado ao tema na próxima edição da Agenda Rio, sabemos que os desafios que precisamos superar vão desde a evasão escolar, a falta de vagas nas creches até a má qualidade na alimentação escolar. Pautar educação é também pensar no desenvolvimento econômico, no crescimento da expectativa de vida e na redução dos piores indicadores na segurança pública, outros grandes desafios de nossos tempos.

Esta é a segunda da série de entrevistas com pesquisadores, profissionais, lideranças sociais e representantes de organizações que estão contribuindo com o processo de atualização da nova edição da Agenda Rio 2030. A nova publicação terá 10 eixos temáticos: habitação, emprego, transporte, segurança, saneamento, saúde, educação, cultura, assistência social e gestão pública. O conjunto de propostas de políticas públicas buscará produzir uma visão sobre as desigualdades a partir das estruturas e dinâmicas sociais que historicamente as materializa, atravessando quatro valores: justiça econômica, justiça racial, justiça de gênero e justiça ambiental.

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1 – Qual é o giro que o Rio precisa dar na agenda de políticas públicas no campo da educação?

Wilson: No IJCA temos uma frente ligada a educação, tentando entender a questão do acesso e permanência e também a distorção de idade e série. Estas são questões desafiadoras no nosso estado e a gente deseja se debruçar cada vez mais em ações que impactem positivamente neste cenário. Quando pensarmos o Ensino Médio existe uma quantidade considerável de iniciativas voltadas para essa faixa etária, mas a etapa do fundamental é certamente crucial para os nossos jovens. Nesse sentido precisamos falar mais de educação básica e analisar com mais calma a evasão atrelada a distorção idade série. O desafio no ensino fundamental é a evasão escolar. Monitorar a educação nas cidades mirando a permanência dos alunos é um dos giros a serem feitos na política de educação.

Se debruçando sobre os planos municipais de educação, percebemos que existem ações já pautadas ali que poderiam de fato impactar esses indicadores. Infelizmente vemos que muitas delas não saem do papel, por isso é importante monitorar. Por exemplo, em São Gonçalo, um dos objetivos é transformar todas as escolas da rede municipal em ensino integral, mas falta diretriz para isso. Em municípios que dispõem de mais recurso para investimento, como Maricá e Niterói, existem ideias como a poupança escola para tentar lidar com o desafio da permanência desses jovens no ensino fundamental. Por isso, garantir o orçamento para a pasta é crucial.

Maysa: É de fundamental importância ter uma política pública que conecte a Educação de Jovens e Adultos e acesso ao mercado de trabalho. Em um das nossas articulações com a Prefeitura de São Gonçalo, por exemplo, estamos oferecendo formação profissional junto ao EJA, que é uma política pública. Pela IJCA também integramos um movimento chamado Tamo Junto, que busca compreender as razões que levaram a evasão e estimular a vontade de voltar a estudar. Com o Tamo Junto, nosso foco nos últimos anos tem sido de ampliar as oportunidades educacionais junto a juventude que está na fase do 9º ano e ensino médio. Outro ator fundamental são os professores. Estamos nos debruçando para dar visibilidade  às iniciativas que os professores têm realizado nas escolas. No ano passado, realizamos um seminário na UERJ com 200 profissionais que culminou em 20 experiências de boas práticas nas escolas. Então, temos olhado para o professor como um agente importantíssimo para pensar acesso e permanência desses jovens nas escolas.

2 – De que forma a sua atuação tem contribuído para a gente conseguir dar esse giro?

Wilson: Temos nos debruçado sobre o papel do reforço escolar para fortalecer o nível de aprendizagem dos nossos jovens no ensino médio. Lidamos com percentuais bem baixos quando observamos os níveis básicos para matemática e português. O reforço escolar faz parte de um programa permanente chamado Fortalecendo Trajetórias, que inclui apoio social e pedagógico para além do preparatório nas disciplinas de matemática e língua portuguesa. Podem participar jovens a partir de 13 anos, moradores de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá que estejam cursando o 9º ano do ensino fundamental da rede pública de ensino. 

São propostas que a gente tem tocado e já podemos observar resultados interessantes. Em média 50% dos jovens que participam do reforço escolar conseguem ingressar em escolas públicas de qualidade como Brasil China, Pedro II ou da UFRJ, considerando uma base de 125 jovens. Esse resultado tem sido muito importante no estímulo ao estudo, na permanência na escola, na p da trajetória e projeção de futuro.

Maysa: Outro elemento diferencial na nossa atuação tem sido a dedicação com resiliência e paciência na construção de parcerias e objetivos comuns para ações que priorizem o desenvolvimento dos jovens. Por isso, temos trabalhado com parcerias intersetoriais com o poder público, escolas federais e com organizações que também atuam com juventude. Temos atuado na sistematização e transparência dos acordos, consolidando planejamento e agenda propositiva com este conjunto de atores para pensar a educação básica, o acesso e a permanência dos estudantes de 9º ano no processo de escolarização. Sempre valorizando a educação pública como prioridade e provocando o avanço de políticas públicas nesta agenda para os territórios de São Gonçalo e Niterói.

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