Qual a situação do uso do espaço urbano e mobilidade ativa em Santa Cruz?

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Texto por
Comunicação Casa
Data
4 de setembro de 2018

 

Como forma de incentivar a produção acadêmica e o conhecimento acerca de nossa metrópole, a Casa Fluminense apresenta o vencedor da exposição de pôsteres acadêmicos do 11º Fórum Rio, onde foi lançada a plataforma do Rio Por Inteiro e a Agenda Rio 2030. Ao longo do Fórum (fotos aqui), os expositores conversaram com o público sobre suas pesquisas, que passaram por uma avaliação de especialistas das áreas de planejamento urbano e gestão pública. O pôster intitulado MOBILIDADE ATIVA Repensando o uso do espaço urbano e deslocamentos na área central do bairro de Santa Cruz/RJ foi vencedor da exposição. Conversamos com Jonathan Ferreira Almeida, autor da pesquisa, sobre qual a situação do uso do solo e mobilidade ativa naquele território e como é possível intervir. A pesquisa foi realizada no curso de graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ.

Uma das conclusões do autor é de que o uso indevido do BRT que não considera a vivência da população, transforma em ocioso parte do espaço público, além de dificultar, em certos pontos do bairro, a acessibilidade e os deslocamentos ativos.

1 – A que pergunta sua pesquisa responde? Por que isso é relevante?

Jonathan Ferreira Almeida – Em primeira instância, minha pesquisa responde ao questionamento: é possível pensar mobilidade urbana através de uma alternativa sustentável, que priorize os deslocamentos na escala do bairro e, com isso, mitigue impactos gerados pela mobilidade urbana tradicional? A mobilidade ativa pode ser uma alternativa viável para essa escala e auxilia, em certa medida, as alternativas de deslocamento de maiores distâncias? É possível no bairro de Santa Cruz/RJ? A relevância se dá a partir do cenário da mobilidade urbana atual, onde recorrentes problemáticas se relacionam e coexistem. Os congestionamentos, os grandes deslocamentos gerados pela segregação do espaço urbano, e, principalmente, os impactos ambientais gerados mostram um sistema de deslocamento que já não se sustenta. Somado a isto, a ausência de infraestrutura adequada e a ineficiência do transporte público, bem como dos transportes não motorizados compõem o panorama da precária estrutura da locomoção na cidade. Desta maneira, minha pesquisa propõe a mobilidade ativa como alternativa para mitigar os impactos ambientais, econômicos e sociais, devolvendo o espaço urbano para a escala humana.

2- Na sua opinião, de que maneira sua pesquisa pode contribuir para uma melhor infraestrutura local em mobilidade ativa para o território de Santa Cruz?

JFA – A partir de todo referencial teórico e análise da área sob a ótica urbana, focando, principalmente, nas questões relacionadas aos deslocamentos, a pesquisa relaciona estes conteúdos e informações traçando importantes conclusões para a área de Santa Cruz, explorando suas potencialidades e fragilidades. Com isso, a partir dessa pesquisa, foi elaborado um projeto com ênfase em desenho urbano para a área central do bairro de Santa Cruz, baseado em informações técnicas, a partir de pesquisas, estudos sobre projetos similares, na legislação vigente e propostas do plano diretor para a área de estudo. Com esta proposta de projeto – como resultado da pesquisa – é possível contribuir, em certa medida, para futuras propostas inseridas no planejamento urbano para a região.

3- Houve levantamento de dados sobre a qualidade dessa infraestrutura local tanto para modos ativos como para o transporte público? Quais?

JFA – Na fase da pesquisa em que procuramos diagnosticar a área central do bairro de Santa Cruz, levantamos informações qualitativas e quantitativas relacionadas aos modos de transporte ativo e público. Levantamos os principais eixos de deslocamento (trem e linhas de BRT), o consórcio em que as linhas de ônibus municipais do bairro estão inseridas, bem como os eixos intermunicipais. O processo de transformação da área central e redefinição dos fluxos a partir da inserção do BRT foi destacado como importante fator na diminuição da qualidade dos deslocamentos ativos e uso do espaço urbano na região. Embora ressalta-se sua influência positiva no deslocamento proposto, o modal secciona e transforma em ocioso parte do espaço público, além de dificultar, em certos pontos do bairro, a acessibilidade e os deslocamentos ativos. A qualidade do serviço oferecido pelo modal também é questionável no que tange a oferta /demanda e confortabilidade, se comparada aos demais transportes públicos oferecidos à população de Santa Cruz.

4- É possível dizer quais foram suas conclusões até aqui?

JFA – Há ausência de infraestrutura e negligência para com o pedestre nos deslocamentos da região central. Com exceção da via de serviço da Felipe Cardoso, os espaços de circulação de pedestres não possuem arborização contínua como elemento sombreante. Há também a predominância de calçadas estreitas e insuficientes para o deslocamento de pedestres e há inacessibilidade. O Sistema de deslocamento por bicicleta na região conta com poucos trechos com dedicação exclusiva para este modal, sendo insuficientes para atender os percursos dos usuários. Além disso, a infraestrutura existente é inapropriada, principalmente, quanto às suas dimensões, insegurança em cruzamentos e travessias e ausência de sombreamento, levando o ciclista a se deslocar em calçadas ou nas ruas de modo inapropriado. O projeto proposto visa mitigar esses conflitos, bem como os conflitos pertinentes ao transporte público.

5- Quem deveria conhecer seus resultados? Há alguma fase do seu trabalho que possa ajudar que suas propostas sejam colocadas em prática?

JFA– A administração pública municipal e as instâncias da gestão metropolitana devem conhecer a pesquisa, além da população envolvida no recorte espacial. A fase das proposições poderia ser colocada, parcialmente, em prática. Há algumas limitações metodológicas que precisariam ser revistas, como, por exemplo, a inserção dos processos participativos (não contemplados nos estudos em razão das limitações temporais, técnicas e financeiras), que contribuiriam para a o refinamento das propostas e uma melhor aderência dos anseios das populações impactadas.

Participação social é fundamental!

Acesse para ver na íntegra mapas e a pesquisa:

Repensando o uso do espaço urbano e deslocamentos na área central do bairro de Santa Cruz/RJ

Autor: Jonathan Ferreira Almeida

Curso: Graduação de Arquitetura e Urbanismo

Orientador: Luciano Muniz Abreu

Área: Mobilidade Ativa; Acessibilidade; Planejamento Urbano; Desenho Urbano; Santa Cruz/RJ.

A exposição de pôster acadêmico é uma iniciativa que segue para sua segunda edição (confira aqui a primeira vencedora).

 

 

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