Monitoramento produzido pela Casa mostra que no último trimestre os ônibus cariocas circularam com a frota 60% abaixo do determinado

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Texto por
Luize Sampaio
Data
23 de novembro de 2020

Em meio a necessidade de distanciamento social, a Casa Fluminense lançou o relatório De Olho No Transporte que aponta uma queda na circulação de ônibus no município do Rio de Janeiro durante a pandemia. A primeira edição do estudo mostrou que nenhum dos cinco consórcios que operam na cidade estão respeitando a resolução 3296 da Secretaria Municipal de Transportes, que determinou em junho a volta de 100% do serviço. O relatório mostrou também que até outubro, o número de ônibus em circulação ainda não havia alcançado 40% da frota estipulada pela prefeitura. 

Além de contrariar a resolução, a falta de ônibus tornou o distanciamento social um desafio ainda maior para a população que precisa usar o transporte mesmo em meio a pandemia. Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, o município do Rio possui 717 linhas de ônibus que são distribuídas em cinco consórcios: Intersul, Internorte, Transcarioca, Santa Cruz e Acordo Operacional BRT. Mas, quem depende do transporte percebe que nem todas as linhas estão disponíveis. A população da Zona Oeste é a mais afetada por esses sumiços, segundo dados do De Olho no Transporte, a cada quatro ônibus do Consórcio Santa Cruz apenas um está circulando regularmente. 

Casa aposta na geração cidadã de dados 

A mobilidade urbana é um dos principais temas mais debatidos e acompanhados pela Casa Fluminense. Para o projeto De Olho no Transporte, a geração cidadã de dados foi uma forma de alcançar o panorama mais detalhado da situação dos ônibus no Rio, utilizando como base as informações dos GPS dos ônibus que são disponibilizados pela Prefeitura no portal Data.Rio.  

Esse monitoramento foi organizado e automatizado pelo pesquisador da Casa, Guilherme Braga Alves. De janeiro à outubro, todos os dias, a cada 5 minutos eram coletados dados dos GPS. Essas informações foram filtradas e analisadas junto ao cadastro  das linhas de ônibus disponível no site da Secretaria Municipal de Transportes. Entre os desafios encontrados na realização do relatório, o pesquisador apontou a falta qualidade das informações disponibilizadas. Só em outubro, o monitoramento da Casa encontrou 103  linhas de ônibus de serviço regular  sem rastreamento por GPS.

“Temos um problema na confiabilidade desses dados e isso acaba atrapalhando as iniciativas de fiscalização da prefeitura, o monitoramento cidadão e o próprio passageiro que está no ponto esperando e conta com o aplicativo para saber que horas o seu ônibus vai passar. Infelizmente não é comum que você tenha um veículo servindo a uma linha diferente daquela que consta no dado do GPS, por exemplo”, alertou o pesquisador. 

Para conseguir lidar com as inconsistências, o relatório considerou fora de operação todas as linhas que não foram encontradas nos registros de GPS enviados pelos ônibus nas ruas ou aquelas em que a frequência mensal foi menor do que 100 viagens. Também pensando nessas questões, o De Olho No Transporte trouxe quatro propostas de mudança para esse cenário, essas medidas estão presentes também na publicação Agenda Rio 2030

O relatório De Olho No Transporte já está disponível, acesse aqui

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