Ousar projetar um horizonte de futuro e esperança para a metrópole do Rio — em um cenário tão duro marcado por violência, cortes de recurso, censura e perseguições políticas — deve passar pela nossa capacidade coletiva de criação. Quão potente é a experiência de assistir uma produção audiovisual que, por meio da linguagem cinematográfica, conta histórias e realidades que estimulam reflexões e disputam outros imaginários. Sabemos bem que diversos realizadores independentes estão distribuídos pelos quatro cantos da metrópole do Rio, da Baixada ao Leste, e da Zona Norte a Zona Oeste da capital, produzindo narrativas próprias e reafirmando existências diante dos estigmas e desafios impostos pelas desigualdades vivenciadas no cotidiano de seus bairros e favelas.
Por acreditar e defender o poder do audiovisual e da cultura, a Casa Fluminense, em parceria com a Quiprocó Filmes, lança a Mostra de Curtas Rio 2030 a ser realizada no Fórum Rio 2019, no dia 18 de outubro, em Santa Cruz. Com inscrições abertas até o dia 30 de setembro e regulamento disponível, a convocatória da mostra de curtas-metragem está aberta ao envio de produções, de até 15 minutos, sobre temáticas diversas como a mobilidade urbana, direito à vida e segurança pública, cidade para conviver, saneamento básico e Baía de Guanabara. Serão selecionados seis curtas para exibição e primeiro lugar receberá o prêmio de 500 reais, após decisão da Comissão Julgadora durante o Fórum Rio 2019. O resultado da seleção será publicado no site e nas redes sociais da Casa Fluminense e da Quiprocó Filmes no dia 11 de outubro.
A seleção de temas da Mostra de Curtas Rio 2030 está alinhada com a Agenda Rio 2030, que reúne uma visão e um conjunto de propostas de políticas públicas elaborados pela Casa Fluminense, em parceria com uma rede de organizações da sociedade civil e de pessoas dispostas a encarar os desafios estruturais da metrópole. A proposta da Mostra é visibilizar produções audiovisuais independentes que abordam conflitos socioambientais, modos de vida e de participação social, territorializando o desafio de implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) na metrópole do Rio de Janeiro. A expectativa é selecionar produções audiovisuais que contribuam para a construção de uma visão de futuro para o Rio e de uma agenda comum, mais popular e imagética, de propostas que façam frente às causas estruturais da desigualdade.
“Esperamos que essa seja a primeira de muitas. O Fórum Rio 2019 será ponto de partida para inaugurar um novo circuito para difusão da produção audiovisual independente na metrópole do Rio. A cada dia temos refletido sobre centralidade da cultura e, mais especificamente do audiovisual, como linguagem estratégica para a pensar a participação social e política, e para o desenvolvimento da cadeia produtiva da economia da cultura no Rio de Janeiro”, comenta Henrique Silveira, coordenador executivo da Casa Fluminense.