Durante o 9º Fórum Rio, o tema da segurança pública no âmbito da valorização da vida e prevenção à violência foi de longe o grupo de discussão mais concorrido desta edição. Entre os tópicos debatidos incluem-se a cultura do medo, especialmente entre moradores da Baixada, e o desafio de implantar serviços de defesa dos direitos humanos na região, já que hoje esses espaços estão concentrados na capital. Os convidados para debater o tema refletiram sobre como ampliar as políticas públicas na perspectiva de valorizar o ser humano unindo vozes periféricas e o poder público para concretizar condições mais dignas de vida para todos. Como afirmou a vereadora Marielle Franco (PSOL – RJ), “sou mulher, mãe, negra e favelada, 65% dos corpos violados na cidade são mulheres, não é secundário observar esse perfil e para isso as políticas precisam se atentar, desde o horário de atendimento nas instituições públicas até mesmo a forma como é feita a abordagem policial nas ruas”, relatou a vereadora que defende o não armamento da guarda municipal da cidade e a disputa política por ocupação do espaço público por mulheres. Mônica Cunha, do Movimento Moleque, reiterou dizendo que “o protagonismo da resistência contra as inúmeras violações aos direitos humanos é das mulheres”.
Edson Diniz, diretor da Redes da Maré, defendeu a atuação da sociedade civil na política. “É um espaço de disputa, com suas várias contradições”, afirmou ele, ao reconhecer que outros grupos, muitos deles contrários à defesa da vida, atuam nessa linha, possibilitando a criação, por exemplo, da ‘bancada da bala’. A ideia de Edson é que a sociedade civil encontre maneiras de atuação nas Câmaras de Vereadores. “A cultura do medo é muito emblemática. É preciso disputar as linguagens da violência”, relatou.
Diante do crescimento sistemático do número homicídios na maioria dos municípios da Baixada Fluminense; da presença de grupos de extermínio dentro do poder público local (executivo e legislativo municipais) que dificultam os espaços de participação, ações de transparência e possibilidade de pressão sobre os órgãos públicos; os participantes defenderam o papel da sociedade civil como promotora e indutora de políticas públicas que busquem o direito à segurança pública.
Com a mediação de Marcelle Decothé, da Anistia Internacional, a roda de conversa contou ainda com a presença de Adriano Moreira, coordenador do Fórum Grita Baixada e Isabel Pereira, representante da Comissão de Direitos Humanos da Alerj. O grupo encaminhou a participação na reunião da Frente Intermunicipal de Valorização da Vida – ênfase Juventude Negra, Mães e Família, marcada para segunda-feira, 19 de junho, de 9h às 12h, no Centro de Formação de Nova Iguaçu; planejar um encontro com comunicadores da Baixada, para pensar novas estratégias de narrativa e linguagem sobre e para a região, além de realizar uma reunião com o Ministério Público, junto com Comissão de Direitos Humanos da Alerj e Ouvidoria da Defensoria Pública para discutir o cenário de violência da Baixada Fluminense.