O Parque de Realengo é sonho antigo, que se transformou em luta e levou a mobilização de moradores, lideranças e movimentos da sociedade civil por anos. Hoje, esse sonho coletivo de ter áreas verdes mais perto se materializou na inauguração do Parque de Realengo.
A luta começou em 2004, com o movimento 100% Parque Realengo Verde, passando pela autorização do uso da área para manejo de resíduos pela FOZ 5 entre 2009 a 2016, a entrega do terreno para a Fundação Habitacional do Exército (FHE) em 2014, o surgimento da Ocupação Parquinho Verde em 2019, a realização do Festival Avante Parquinho Verde e a licitação do projeto básico para o Parque Realengo em apenas metade (50%) do terreno em 2021.
Essas mobilizações, que foram apoiadas pela Casa Fluminense, repercutiram na realização do Curso de Políticas Públicas de Realengo e na construção da Agenda Realengo 2030, marcos de 2022, que materializaram a construção da proposta pela implementação do Parque 100% Verde em Realengo, a primeira proposta de política pública da agenda do bairro. Toda essa linha do tempo construiu a história de luta de moradores e sociedade civil organizada do território, que disputou a construção do Parque.
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No dia 15 de junho deste ano, a prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou o Parque que foi intitulado de “Susana Naspolini”. A área até o momento só está com 50% do seu espaço disponível para uso, mas que desde a inauguração, tem sido ocupado pelos moradores de todas as idades do bairro de Realengo. Essa conquista representa um espaço de lazer, cultura, esporte e uma área verde de mitigação de calor em um dos bairros mais quentes da metrópole.
Em um papo com a Casa Fluminense, Juliana Baptista, integrante da Agenda Rio 2030 e Mestre em Memória Social, foi a porta-voz do coletivo, compartilhando que: “Para a Agenda foi uma grande satisfação ver que a proposta nº 1 da nossa publicação se concretizou, mas também constatar que outras propostas foram se cumprindo nesse processo, como as hortas comunitárias e espaço de coworking, por exemplo. Ver esse sonho materializado reafirma que a gente pode – e deve – sonhar”.
A Casa Fluminense também incide nessa pauta e desde a terceira agenda Rio publicada em 2018 a “Implantação do Parque Realengo Verde” é uma das propostas de política pública da agenda. Vitor Mihessen, cria de Realengo, coordenador geral Casa Fluminense e um dos personagens que esteve nesses anos lutando pela construção do parque, celebrou essa vitória e compartilhou sobre o que para ele isso significa na luta da sociedade civil.
“Falar do Parque é também falar das suas múltiplas possibilidades que se abrem. Trazer centralidade para os bairros periféricos, ter a noção de que aqui também é espaço de lazer, de cultura, espaço gerador de empregos e renda. O Parque trabalha todas essas perspectivas”, disse o coordenador geral.
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Os integrantes da Agenda Realengo 2030 contaram como o parque mudou o cotidiano dos moradores do território. “Ter uma área verde, ampla e aberta na Zona Oeste impacta totalmente na qualidade de vida. Tanto por se tratar de um espaço de lazer para prática de esportes, com eventos culturais, equipamento público de tecnologia e educação, quanto por transformar o deslocamento dos moradores que antigamente gastariam muito tempo e dinheiro nos transportes públicos para acessar áreas verdes. As pessoas têm orgulho do parque e de reafirmar que ele foi conquistado através da luta dos moradores”, compartilhou o coletivo.
A luta ainda não acabou, para os integrantes da Agenda Realengo, as próximas mobilizações vão ser realizadas em torno da ampliação dos outros 50% do terreno, garantindo que o espaço se torne efetivamente parque. A incidência do coletivo e moradores vai focar na proteção da vegetação existente do local e reivindicação de demandas importantes que não foram atendidas nesta primeira inauguração.
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“Lutaremos para que nesse novo espaço seja construído um centro de memória que foque na preservação da história local para além da presença militar, dialogando com o cotidiano dos trabalhadores e daqueles que lutaram para que o parque se concretizasse”, informaram os integrantes da Agenda Realengo.
As articulações em torno da incidência política pela construção do parque fortaleceu os moradores do bairro como cidadãos e como sociedade civil organizada. Para a Agenda Realengo, a experiência de acompanhar todo o processo de uma política pública, desde a sua formulação até a sua implementação e agora na avaliação e monitoramento, relembrou a importância da mobilização social na luta por políticas efetivas. É importante ser celebrado o Parque Realengo Susana Naspolini como uma vitória da sociedade civil, Agenda Realengo 2030, Agenda Rio 2030 da Casa Fluminense, e tantas outras organizações, coletivos e lideranças foram parte fundamental desta conquista.