Verde perto: Parque Realengo é uma conquista da sociedade civil

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Texto por
Carín Nuru
Data
12 de julho de 2024

O Parque de Realengo é sonho antigo, que se transformou em luta e levou  a mobilização de moradores, lideranças e movimentos da sociedade civil por anos. Hoje, esse sonho coletivo de ter áreas verdes mais perto se materializou na inauguração do Parque de Realengo.

A luta começou em 2004, com o movimento 100% Parque Realengo Verde, passando pela autorização do uso da área para manejo de resíduos pela FOZ 5 entre 2009 a 2016, a entrega do terreno para a Fundação Habitacional do Exército (FHE) em 2014, o surgimento da Ocupação Parquinho Verde em 2019, a realização do Festival Avante Parquinho Verde e a licitação do projeto básico para o Parque Realengo em apenas metade (50%) do terreno em 2021.

Essas mobilizações, que foram apoiadas pela Casa Fluminense, repercutiram na realização do Curso de Políticas Públicas de Realengo e na construção da Agenda Realengo 2030, marcos de 2022, que materializaram a construção da proposta pela implementação do Parque 100% Verde em Realengo, a primeira proposta de política pública da agenda do bairro. Toda essa linha do tempo construiu a história de luta de moradores e sociedade civil organizada do território, que disputou a construção do Parque.

No dia 15 de junho deste ano, a prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou o Parque que foi intitulado de “Susana Naspolini”. A área até o momento só está com 50% do seu espaço disponível para uso, mas que desde a inauguração, tem sido ocupado pelos moradores de todas as idades do bairro de Realengo. Essa conquista representa um espaço de lazer, cultura, esporte e uma área verde de mitigação de calor em um dos bairros mais quentes da metrópole.

Em um papo com a Casa Fluminense, Juliana Baptista, integrante da Agenda Rio 2030 e Mestre em Memória Social, foi a porta-voz do coletivo, compartilhando que: “Para a Agenda foi uma grande satisfação ver que a proposta nº 1 da nossa publicação se concretizou, mas também constatar que outras propostas foram se cumprindo nesse processo, como as hortas comunitárias e espaço de coworking, por exemplo. Ver esse sonho materializado reafirma que a gente pode – e deve – sonhar”.

A Casa Fluminense também incide nessa pauta e desde a terceira agenda Rio publicada em 2018 a “Implantação do Parque Realengo Verde” é uma das propostas de política pública da agenda. Vitor Mihessen, cria de Realengo, coordenador geral Casa Fluminense e um dos personagens que esteve nesses anos lutando pela construção do parque, celebrou essa vitória e compartilhou sobre o que para ele isso significa na luta da sociedade civil.

“Falar do Parque é também falar das suas múltiplas possibilidades que se abrem. Trazer centralidade para os bairros periféricos, ter a noção de que aqui também é espaço de lazer, de cultura, espaço gerador de empregos e renda. O Parque trabalha todas essas perspectivas”, disse o coordenador geral.

Os integrantes da Agenda Realengo 2030 contaram como o parque mudou o cotidiano dos moradores do território. “Ter uma área verde, ampla e aberta na Zona Oeste impacta totalmente na qualidade de vida. Tanto por se tratar de um espaço de lazer para prática de esportes, com eventos culturais, equipamento público de tecnologia e educação, quanto por transformar o deslocamento dos moradores que antigamente gastariam muito tempo e dinheiro nos transportes públicos para acessar áreas verdes. As pessoas têm orgulho do parque e de reafirmar que ele foi conquistado através da luta dos moradores”, compartilhou o coletivo.

A luta ainda não acabou, para os integrantes da Agenda Realengo, as próximas mobilizações vão ser realizadas em torno da ampliação dos outros 50% do terreno, garantindo que o espaço se torne efetivamente parque. A incidência do coletivo e moradores vai focar na proteção da vegetação existente do local e reivindicação de demandas importantes que não foram atendidas nesta primeira inauguração.

“Lutaremos para que nesse novo espaço seja construído um centro de memória que foque na preservação da história local para além da presença militar, dialogando com o cotidiano dos trabalhadores e daqueles que lutaram para que o parque se concretizasse”, informaram os integrantes da Agenda Realengo.

As articulações em torno da incidência política pela construção do parque fortaleceu os moradores do bairro como cidadãos e como sociedade civil organizada. Para a Agenda Realengo, a experiência de acompanhar todo o processo de uma política pública, desde a sua formulação até a sua implementação e agora na avaliação e monitoramento, relembrou a importância da mobilização social na luta por políticas efetivas. É importante ser celebrado o Parque Realengo Susana Naspolini como uma vitória da sociedade civil, Agenda Realengo 2030, Agenda Rio 2030 da Casa Fluminense, e tantas outras organizações, coletivos e lideranças foram parte fundamental desta conquista.

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