Projeto Ler, Viver e Existir: 10 anos de impacto na educação popular 

Texto por
Luize Sampaio
Data
26 de setembro de 2023

Nas favelas e periferias da metrópole do Rio, a educação não formal se constrói como uma ferramenta de formação para as pessoas em vulnerabilidade social. O Projeto Educacional “Ler, Viver e Existir”, apoiado esse ano através do Edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense, faz parte dessa luta. Eles trabalham para a promoção de uma educação emancipadora e antirracista, com os jovens que estão em privação e restrição de liberdade no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (DEGASE) e estudantes de escolas públicas da metrópole.

O projeto surgiu em 2013 depois que a fundadora e gestora Marilena Nascimento, visitou uma antiga unidade do DEGASE localizada em Bangu, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro. Impactada com a situação desses jovens, nasceu a ideia de se dedicar à educação não formal. Para isso, o projeto utiliza ferramentas como o esporte, a música, a leitura e outras atividades, que pudessem promover a emancipação educacional e desenvolvimento integral desses jovens.

Desde 2022, o projeto “Ler, Viver e Existir” tem conseguido envolver uma média de 50 jovens a cada mês nesse trabalho de educação e cultura, algo que, de acordo com Marilena, apresenta novas perspectivas para eles. A fundadora do projeto, compartilhou: 

“Nós usamos os recursos da cultura e da arte, para poder proporcionar a possibilidade de ampliar seus horizontes e suas capacidades de aprender”, explicou a fundadora.

Foto: Rafael Brito
O racismo ambiental como pauta educacional

Alinhados com o “Edital Agenda Rio 2030: Enfrentamento ao Racismo Ambiental, Geração Cidadã de Dados e Incidência Política”, o projeto também integra a discussão sobre o racismo ambiental nas suas atividades com os adolescentes. Marilena, identificou essa necessidade ao observar a realidade dos jovens ligados ao DEGASE, que tem uma carência nas condições dignas em seus locais de existência.

“Eles relatam sobre a necessidade de ter algum recurso para poder apoiar a família. Isso trouxe para gente a necessidade de focar no racismo ambiental porque ele afeta os adolescentes de várias formas, na fome e na falta de local para morar, principalmente”, compartilhou Marilena.

A Casa Fluminense trabalha com a Agenda Rio 2030, uma iniciativa que visa construir um Rio de Janeiro mais justo e igualitário, a partir da promoção das justiças de gênero, racial, econômica e climática. As atividades desenvolvidas pelo projeto têm como objetivo não apenas impactar positivamente a vida desses jovens, mas também contribuir para mudanças que reverberam em uma metrópole mais justa e sustentável.

Fotógrafo: Rafael Brito

Para a gestora do projeto, o objetivo é que os educandos tenham consciência de que podem reivindicar seus direitos, multiplicar o aprendizado nas suas famílias e impactarem a realidade dos seus territórios. Ela enfatiza que as questões relacionadas às justiças estão presentes no programa de educação que eles promovem nesses espaços. Com o objetivo não apenas de capacitar os jovens academicamente, mas também como agentes de mudança em suas comunidades.

“Quando a gente leva o trabalho de conscientização para os educandos falamos, por exemplo, sobre violência contra mulher, levando as questões de gênero. Quando a gente fala que eles têm o direito por lei de morar em locais dignos que tenham esgoto e acesso à água potável, a gente tá falando sobre justiça ambiental”, conta a Educadora.

10 anos de impacto

Com um grupo composto por seis pessoas, todas educadoras e predominantemente negras, o projeto celebra seus 10 anos. Ao longo desse tempo e anos, utilizou como pauta transversal às suas atividades a formação e educação racial dos jovens. As atividades desenvolvidas durante esses anos se ampliaram e além do DEGASE, passaram a desenvolver também este trabalho em escolas públicas, associações de moradores e outros projetos como o Instituto Semeando Amor, em Santa Cruz, zona oeste do Rio.

O projeto “Ler, Viver e Existir”, que inicialmente concentrava suas atividades nas unidades do DEGASE na Ilha do Governador, ampliou seus territórios de alcance com o apoio da Casa Fluminense. Atualmente, também está presente no Méier, Santa Cruz e em Vargem Pequena. Além disso, há planos de expansão para as regiões de Curicica, na zona oeste, e Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

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