No Leste Fluminense, universitários moradores de Itaboraí criaram um espaço de pesquisa territorial cidadã. Formado pela juventude negra da cidade, o Observatório de Itaboraí acaba de completar um ano de vida com feitos importantes para a cidade que, segundo eles, está esquecida desde as promessas do Comperj. Nas ruas conversando com moradores, o Observatório já conseguiu produzir campanhas de conscientização para as eleições e pesquisas únicas e exclusivas para Itaboraí.
Formado por oito distritos, Itaboraí ainda hoje tem áreas não reconhecidas pelo poder público. Esse é o caso da comunidade do Rato Molhado, que fica localizada ao lado do centro da cidade. Com mais de 30 anos de existência, a favela sofre com a invisibilidade que prejudica seus moradores a terem acesso a serviços e políticas públicas básicas, como o saneamento.
Com o apoio do Fundo Casa, o Observatório de Itaboraí tem realizado um mapeamento geográfico e socioeconômico no Rato Molhado com objetivo de atrair mais atenção da prefeitura para a região. É o que explicou o coordenador e fundador do projeto, Everton dos Reis.
“Já fizemos esse tipo de trabalho em outros pontos da cidade, a gente vem primeiro entender as dinâmicas geográficas da área, mapear as ruas e conversar com os moradores. Esse trabalho de escuta é o primeiro passo para que juntos com quem mora aqui a gente possa entender quais as principais demandas e possibilidade de desenvolvimento da região. No Rato Molhado, as enchentes são as maiores queixas. Com esse mapeamento em mãos, vamos trabalhar junto com a gestão pública para que a gente consiga mudar essa realidade”, explicou o coordenador.
“Pensar a criação do observatório veio de uma demanda da a gente enquanto morador conhecer mais a nossa cidade, não tem muitos dados sobre Itaboraí disponíveis”
O principal objetivo do Observatório é promover novas políticas públicas e projetos de lei para Itaboraí. Eles entenderam já na sua origem que para isso seria importante unir duas frentes: diálogo constante e direto com a população e também a geração cidadã de dados.
“Estamos juntos com a base da sociedade, a construção desses dados é feita junto com os cidadãos de Itaboraí. Estamos sempre nas ruas, conversando e mapeando as demandas para produzir diagnósticos, voltar para a rua, elaborar e publicar pesquisas para a nossa cidade”, resumiu Reis.
De distrito em distrito, passando pelas vielas de todo o município, o Observatório atraiu também uma rede de voluntários, hoje são cerca de 20 moradores que ajudam nesse dia a dia de coleta de dados junto a população. O grupo relata que hoje percebe a cidade tirada do mapa, por estar distante da capital do estado e também pelo pouco repasse de recursos públicos de todos os níveis de poder.
Eles vislumbram um novo futuro para Itaboraí agora com a chegada de um novo governo. O projeto da Comperj, por exemplo, era uma aspiração que foi construída durante o último mandato do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
“A gente projeta um crescimento para a nossa cidade, principalmente de atenção e investimento a nível nacional, queremos a retomada do Comperj. Esse é um ponto importante para Itaboraí, mas que está abandonado depois de ter gerado muito emprego para a cidade. O governo federal precisa estar mais presente principalmente em relação ao nosso desenvolvimento social”, comentou o fundador do Observatório de Itaboraí.