Fórum Rio 2021: mulheres negras no fronte do monitoramento

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Texto por
Luize Sampaio
Data
25 de novembro de 2021

Os direitos e políticas estão em disputa e por isso, o Fórum Rio 2021 retoma suas atividades esse ano com foco no fortalecimento da fiscalização e controle social. Para abrir o evento este ano, a Casa Fluminense lançou nesta quarta-feira (24/11) o Relatório de Monitoramento Agenda Rio 2030, sua primeira edição voltada para a análise comparativa dos avanços e retrocessos das principais políticas públicas que garantem o bem estar da população. A live de abertura do Fórum foi mediada pela coordenadora de Informação da Casa, Claudia Cruz, e contou com a presença da deputada estadual, Renata Souza, e da coordenadora de Programas e Projetos da Fundação Heinrich Böll Brasil, Marilene de Paula .

O trio de especialistas trouxe para a conversa suas vivências e saberes, frisando que além de dados é preciso conhecer e divulgar a história daqueles que estão por trás do debate sobre políticas públicas e direitos humanos. O Relatório de Monitoramento da Casa busca fazer essa junção entre narrativas e dados, o material foi feito em parceria com parceiros técnicos mas também com entrevistas e textos de agentes locais que vivenciam diariamente a falta de direitos básicos.  Para Marilene, esse é o principal diferencial da publicação. 

“O Relatório nos convoca a se juntar a esses grupos locais que estão organizados com uma luta e propósito dentro dos seus territórios. Não trazer só o tecnicismo é muito importante. Precisamos ter um espaço contando a histórias dessas pessoas”, contou  a coordenadora de Programas e Projetos da Fundação Heinrich Böll Brasil.

Dias após a Chacina do Salgueiro, em São Gonçalo, a segurança pública e o racismo estrutural foram temas que atravessaram não só a conversa mas também todo o Relatório. Entre os dados destacados na publicação está o de mortes por insegurança, em 2020, três em quatro mortes por letalidade violenta ocorreram na Região Metropolitana do Rio. Destes, 90% são homens e 71,1% negros. O capítulo de segurança também apresenta uma entrevista com a Dona Lidia Santos, avó das meninas Emily e Rebecca que foram mortas a tiros enquanto brincavam  na porta de casa, na comunidade Barro Vermelho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.  Renata Souza comentou os dois casos durante a live. 

“A entrevista com Lídia mostra a preocupação que a Casa teve em humanizar essas histórias para que não se percam em números frios. O Relatório tem um aspecto qualitativo gigantesco com destaque para a radiografia e sensibilidade no olhar para os dramas que vivemos hoje, em especial a partir de uma segurança pública que nega a possibilidade de sobrevivência da população negra e das nossas crianças. “, afirmou a deputada.

Dividido em 10 capítulos, o Relatório de Monitoramento Agenda Rio 2030 apresenta panorama geral com análises, artigos e dados sobre as políticas públicas de habitação, emprego, transporte, segurança, saneamento, saúde, educação, cultura, assistência social e gestão pública nos 22 municípios da RMRJ. A coordenadora de Informação da Casa contou um pouco sobre o processo de construção do material. 

“Esse relatório foi feito a muitas mãos, a partir de um monitoramento quantitativo e qualitativo com atualizações sobre a situação da metrópole fluminense em todos os eixos da Agenda Rio 2030. Ele avalia os avanços e retrocessos a partir de uma construção participativa, ficamos muito felizes com o resultado final. Acho que ele vai ser uma ferramenta importante de controle social ainda mais no ano que vem com as eleições”, afirmou Claudia. 

O Relatório de Monitoramento Agenda Rio 2030 já está disponível para download de forma gratuita, acesse: https://casafluminense.org.br/monitoramento 

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