Além de derrotar Bolsonaro, sociedade civil luta para garantir uma eleição segura

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Texto por
Luize Sampaio
Data
13 de julho de 2022

Faltam menos de 100 dias para a tão esperada eleição de 2022. Além das campanhas territoriais contra os atuais ocupantes do cargo de presidente e governador do Rio, a sociedade civil organizada da Região Metropolitana do estado também estuda e traça formas de lidar com um outro grande problema: a violência política. O último Encontro Casa reuniu representantes de organizações como Observatório de Favelas, Perifa Lab e  Instituto Marielle Franco para entender quem enfrenta diariamente esses ataques.

No Rio de Janeiro, em períodos de disputas eleitorais, um fenômeno antigo volta a ter força, principalmente, na Baixada Fluminense. O levantamento Violência e Política na Baixada Fluminense feito pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Observatório de Favelas identificou 43 casos letais de atores políticos entre 2015 e 2020. Isso significa um político assassinado a cada 50 dias. Nova Iguaçu, Seropédica e Duque de Caxias são as cidades com mais vítimas, foram oito mortes em cada uma delas. O perfil dos mortos é em sua maioria de homens e brancos, o pesquisador da UFF, André Rodrigues, explica o motivo. 

“Esse perfil corresponde a elite política que domina a Baixada há décadas, são vários grupos e famílias que disputam esses territórios. O perfil das vítimas mostram também que existe uma violência intra e entre iguais”, afirmou Rodrigues. 

Além de acompanhar os casos de mortes, o estudo traz também um panorama sobre o crescimento de vereadores eleitos na região vindos do setor da segurança pública e privada. O destaque fica para Queimados em que 17,4% dos eleitos, entre 2015 e 2020, vieram de cargos da segurança como policiais, bombeiros e vigias. A diretora do Observatório de Favelas, Raquel Willadino, associa esse aumento a Bolsonaro e ao bolsonarismo, que para ela segue em vigor independente de uma possível reeleição do presidente. 

“O peso dessas candidaturas de profissionais do ramo da segurança nas vereanças segue a mesma lógica do aumento de policiais em cargos do executivo estadual. Todos estão replicando o modelo nacional com militares nos ministérios”, conclui Raquel. 

As diferentes formas de violência contra políticos 

Durante o Encontro Casa, houve uma discussão sobre as etapas e diversas formas de repressão que atores políticos que destoam dos perfis de políticos hegemônicos tradicionais sofrem. 

“Realizar uma campanha eleitoral é um desafio gigante no Brasil, apesar de já ser lei a necessidade de candidaturas femininas, ainda existem muitas incertezas. Muitas vezes ocorre uma disputa institucional dentro dos próprios partidos para que essas atrizes políticas tenham acesso à direitos óbvios como recurso eleitoral, segurança e apoio não só formal como também participativo do partido”

> Relembre: a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro, Marielle Franco, foi executada a tiros 

“O debate sobre a importância da representação no Brasil não vem atrelado a uma proteção, não se entrega um plano de permanência para as candidatas eleitas.” 

> Relembre: a vereadora de Niterói, Benny Brioli, denunciou uma ameaça de morte, enviada pelo e-mail do deputado estadual, Rodrigo Amorim. 

“É um desafio muito maior ser candidato progressista que consegue alcançar votos na Zona Oeste da cidade do Rio ou na Baixada Fluminense. O voto dessas regiões tem outro peso, esse ator político precisou enfrentar a milícia, o tráfico e a elite política local. Candidaturas que consegue furar esses desafios e permanecer vivos são candidaturas chaves que precisam de proteção” 

> Relembre: bandidos armados invadiram base do então candidato a vereador, Wesley Teixeira, em Duque de Caxias 

O debate sobre violência política e caminhos para o Rio de Janeiro nessas eleições foi o tema deste segundo Encontro Casa 2022. A reunião é aberta apenas para associados da Casa Fluminense.

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