O compromisso com o acesso de jovens, negros, periféricos e favelados, nas universidades é um dos objetivos que a Casa Fluminense vem colocando em prática através do projeto “Juventude Popular nas Universidades”, uma das linhas de apoio do Fundo Casa Fluminense. Junto com uma rede de pré-vestibulares populares e comunitários, de diferentes pontos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, essa iniciativa busca ampliar oportunidades educacionais de jovens e adultos. Neste ciclo, o fundo apoiou financeira e institucionalmente 10 pré-vestibulares, impactando cerca de 280 alunos em toda a metrópole do Rio.
Os pré-vestibulares apoiados foram: Ampara de Queimados; Nica do Jacarezinho; Santa Cruz Universitário; Solano Trindade, PVNC e PVS Maria Madalena de Duque de Caxias; Nós por Nós de São Gonçalo; Gente formando Gente de Niterói; Fala Akari de Acari; e Enraizados de Nova Iguaçu.
Apesar dos desafios causados pela evasão, desistências e questões sociais, econômicas e climáticas de cada território, a atuação dos projetos em 2023 finalizaram com resultados positivos. Para além das aprovações nas universidades, os espaços se tornaram lugares de acolhimento, assistência e apoio para os estudantes. Atuando não apenas nas salas de aula, mas também proporcionando refeições, passagens, suporte psicossocial, acesso à cultura e arte, tudo isso com uma equipe de coordenadores e professores voluntários trabalhando para garantir a permanência dos alunos.
Ao longo do ano, enfrentando a falta de acesso à educação, falta de estrutura das escolas públicas e a nova grade curricular do ensino médio, os pré-vestibulares têm desempenhado um papel fundamental na formação desses jovens enquanto cidadãos engajados com as pautas das justiças de gênero, econômica, racial e climática.
A resiliência da Educação Popular
Em dezembro de 2023, aconteceu o encontro de encerramento do Juventude Popular, em São Gonçalo. Durante o encontro presencial, coordenadores e professores dos pré-vestibulares se reuniram com a equipe Casa para compartilhar os resultados do ano e discutir estratégias para o próximo. Paola Lima, da equipe de mobilização da Casa Fluminense, enfatizou o comprometimento e a resiliência que os coordenadores tiveram nesse último ano para lidar com os desafios: “A realidade do pré-vestibular social dentro de favela e região periférica, não é um cenário fácil de atuar e mesmo assim ele se mostraram fortes, apesar de todas essas dificuldades, dando estímulo aos alunos e mostrando alternativas através da cultura e da arte”
Durante a atividade de encerramento, os coordenadores contaram para gente as maiores conquistas dos seus projetos e o impacto na vida dos jovens assistidos por eles:
Taiellen Costa – Solano Trindade, (Saracuruna, Duque de Caxias): “Nós tivemos muitas conquistas, entre elas, a permanência dos nossos alunos. Nós conseguimos terminar o ano com muitos alunos, porque a gente conseguiu oferecer para além de ensino, um café da manhã, lanche da tarde, um encontro cultural, e isso faz com que os alunos queiram estar nesse ambiente e continuar estudando para alcançar seus sonhos dentro de uma universidade”
Laura Miranda – Santa Cruz Universitário (Zona Oeste do Rio): “As atividades que a gente conseguiu realizar, oficinas com temas pertinentes para os alunos, não só para o vestibular, mas para eles enquanto cidadãos. No final do ano a gente faz uma avaliação com a turma para eles falarem o que acharam do pré-vestibular, e a maioria falou que foi um espaço muito acolhedor, que se sentiram em casa. Nós ficamos muito felizes com isso, porque percebemos que estamos conseguindo passar para eles nosso objetivo: que seja um lugar onde se sintam confortáveis e acolhidos. Não somente ser uma passagem dali para a universidade, mas que a gente consiga fazer uma mudança na vida das pessoas que passam por lá”
Amanda Almeida – Gente Formando Gente (Caramujo, Niterói): “A Casa Fluminense possibilitou, além do aporte financeiro, esse espaço de escuta e de contato com outros pré-vestibulares da metrópole inteira, onde nos encontramos com as mesmas dificuldades e com as alegrias que temos em comum que é colocar a juventude nas universidades. Enquanto alegria, tivemos quase 100 inscritos, muito interesse dos jovens do Caramujo em acessar a universidade”
Segundo Paola, o último ano foi marcado por defasagens no ensino médio, desestímulo dos alunos, questões territoriais, de violência, falta d’água e enchentes. Inúmeros desafios foram enfrentados pelos estudantes, professores e coordenadores dos prés, e mesmo assim eles continuaram se estimulando. Paola, destaca a resiliência e o comprometimento diante das adversidades como o maior aprendizado do último ano.
A Casa acredita na força que a articulação coletiva tem para que todos avancem em direção a uma educação mais inclusiva e libertadora para os alunos periféricos, favelados e crias das escolas públicas. Promovendo não apenas o acesso à universidade, mas a permanência e o sucesso acadêmico desses estudantes, contribuindo para a transformação social e a construção de um futuro mais igualitário.