5 perguntas para… Orlando Santos Júnior, ativista do Comitê Popular de Lutas

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Texto por
Saulo Pereira Guimarães
Data
9 de outubro de 2017

O Comitê Popular de Lutas, criado para promover uma experiência urbana mais inclusiva e democrática, foi lançado em julho desse ano no município de São João do Meriti. O pesquisador do Observatório das Metrópoles, professor do IPPUR/UFRJ (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional) e ativista do grupo Orlando Santos Jr. falou sobre a iniciativa à Casa Fluminense. “O Comitê é um espaço importante e necessário para discutir projetos de cidade”, afirmou ele.

Confira abaixo os melhores trechos da entrevista:

O que é o Comitê Popular de Lutas?

O Comitê é uma articulação da sociedade para superar as agendas pontuais de cada movimento e focar em projetos de cidade. Ele foi fundado com inspiração em iniciativas como o Comitê Popular da Copa, o Fórum Social Urbano, o Fórum Social Mundial e outros. As olimpíadas terminaram, mas as iniciativas excludentes permanecem no Rio, na Baixada, no Norte Fluminense. É preciso criar uma agenda com um projeto inclusivo, democrático e promotor do direito à cidade. Sabemos que cada movimento tem as suas especificidades e queremos manter a tolerância a elas dentro do Comitê. Queremos que ele seja um espaço arejado de diálogo para discutir segurança, mobilidade, educação, cultura, trabalho e outros temas.

Quais fatores motivaram a criação da organização?

O surgimento do Comitê é muito motivado pela experiência de Copa e Olimpíadas e de organizações que aparecem junto com ela e hoje fazem parte do nosso grupo. Mas outras iniciativas de articulação da sociedade também foram muito importantes, como os fóruns, que já citei. Eu diria que Copa e Olimpíada foram fatores importantes, mas não os únicos responsáveis pela criação do Comitê.

Quais as principais ações e objetivos do Comitê?

Nós começamos na capital. Mas, logo depois, algumas organizações da Baixada entraram em contato com a gente e criaram um Comitê Popular de Lutas lá também. Com isso, ficamos com duas frentes. Na Baixada, o Comitê tem uma agenda muito centrada na realização de assembleias populares para discutir a questão da água e ciclos de debates em locais públicos para conversar sobre a desigualdade na região. Aqui no Rio, ainda não há um foco tão bem definido. O que temos em mente é investir na produção de relatórios, debates, manifestações e mobilizações de comunidades atingidas por intervenções urbanas. Uma questão que desde já aparece com força é a da luta contra a privatização da Cedae e outros empresas públicas. Acreditamos que o Comitê é um espaço importante e necessário para discutir projetos de cidade. Não queremos com isso desvalorizar as agendas específicas, mas criar uma visão global dessa questão em sintonia com elas.

Quais entidades integram o grupo?

No Rio, a Central Movimento Popular, o Movimento Unificado dos Camelôs, a ong FASE, o Ibase, a Casa Fluminense e o PACS são alguns dos atores que têm participado das nossas reuniões. Já na Baixada, temos o Sintsama, o Conselho de Entidades Populares de São João do Meriti, integrantes do movimento negro, de mulheres e do Levante da Juventude – entre outros. É uma mistura bacana, que combina movimentos mais antigos e mais recentes.

Como o comitê enxerga a atual situação do Rio metropolitano?

Só estamos nos reunindo há um mês, mas já conseguimos identificar problemas. Alguns exemplos são a ausência de uma política metropolitana e a dinâmica urbana subordinada a interesses do capital imobiliário. Os megaeventos concentraram investimento em áreas específicas da capital, por exemplo. Investimos milhões em mobilidade e nada em integração. Faltam também espaços de participação e transparência na gestão pública. Com isso, temos decisões que não refletem os interesses de segmentos sociais excluídos. Temos uma onda conservadora no mundo, retrocessos no país e o Rio de Janeiro expressa uma das faces mais perversas da crise, com os escândalos políticos e econômicos. A colaboração do comitê nesse cenário é, primeiramente, criar uma contra-narrativa em relação ao discurso de quem diz que está tudo bem. Além disso, queremos mobilizar as pessoas, disputar a esfera pública de forma a promover uma política contra a exclusão e que favoreça o direito à cidade.

Quer ficar por dentro das atividades e participar?? Acesse a página: Comitê Popular de Lutas

Saiba mais sobre a iniciativa AQUI !

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