Uma cidade que integra as favelas, moradores do Jacarezinho desenham esse futuro

Texto por
Luize Sampaio
Data
7 de dezembro de 2022

Em uma cidade integrada a população tem acesso ao transporte público, museu e também a escola, hospital, e outros aparelhos públicos e abertos. Nessa mesma cidade, as pessoas voltam para suas casas de transporte público em segurança. No Rio de Janeiro, tem cerca de um ano que o termo Cidade Integrada é usado para descrever outra ideia. Moradores do Jacarezinho e Manguinhos foram os primeiros a receber essa ocupação policial permanente que mudou a forma de se viver nessas favelas. Hoje, um grupo de moradores tem se reunido semanalmente para traçar estratégias de um novo futuro para suas favelas. 

Alunos do curso discutem questões sobre empreendedorismo e empregabilidade na favela. Foto: Gabriela Lino

Na luta pela construção de uma favela a partir das demandas reais dos moradores, o LabJaca está produzindo a primeira edição do “Curso de Políticas Públicas: A favela que queremos”, que recebeu mais de 120 inscrições. A formação está sendo realizada com apoio do Fundo Casa Fluminense e terá como projeto final um podcast produzido pelos próprios alunos. Serão no total onze aulas discutindo saúde, segurança, educação, empregabilidade, advocacy e outros temas estratégicos dentro do campo da política pública. 

Marcela Machado, coordenadora do curso do LabJaca, contou sobre o perfil dessa primeira turma que é em sua grande maioria formada por jovens negros. Muitos foram pela primeira vez a um museu por causa dessa formação. 

“Uma das aulas mais emocionantes foi a ida ao Museu de Arte do Rio (MAR) e o circuito pela pequena África. Foi uma aula especial porque gerou nos alunos uma conexão com a cidade. Eles sempre falam muito dos problemas que a gente vive aqui relacionado ao programa Cidade Integrada e como o estado coloca a favela como fora e desintegrada do resto da cidade. Acho que com o passeio a gente conseguiu promover um processo de integração e  uma reflexão crítica direta ao estado”, explicou Marcela.

Além de fomentar um debate territorializado sobre políticas públicas para o Jacarezinho, o curso é um primeiro passo estratégico para reunir um grupo de moradores interessados em mobilizar mudanças no território. Um próximo passo do LabJaca será a construção da Agenda Jacarezinho 2030.  

Moradores do Jacarezinho de todas as idades formam a primeira turma do Curso de Políticas Públicas do LabJaca. Foto: Gabriela Lino

“Temos um grupo diverso que tem proposto muitas políticas principalmente no tema da segurança pública, que é algo que atravessa tanto a possibilidade quanto a viabilidade do curso. Além disso, estamos pensando em políticas públicas para cultura, comunicação e tecnologia também, estamos em movimento”, adiantou a coordenadora do curso.

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