Em uma cidade integrada a população tem acesso ao transporte público, museu e também a escola, hospital, e outros aparelhos públicos e abertos. Nessa mesma cidade, as pessoas voltam para suas casas de transporte público em segurança. No Rio de Janeiro, tem cerca de um ano que o termo Cidade Integrada é usado para descrever outra ideia. Moradores do Jacarezinho e Manguinhos foram os primeiros a receber essa ocupação policial permanente que mudou a forma de se viver nessas favelas. Hoje, um grupo de moradores tem se reunido semanalmente para traçar estratégias de um novo futuro para suas favelas.
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Na luta pela construção de uma favela a partir das demandas reais dos moradores, o LabJaca está produzindo a primeira edição do “Curso de Políticas Públicas: A favela que queremos”, que recebeu mais de 120 inscrições. A formação está sendo realizada com apoio do Fundo Casa Fluminense e terá como projeto final um podcast produzido pelos próprios alunos. Serão no total onze aulas discutindo saúde, segurança, educação, empregabilidade, advocacy e outros temas estratégicos dentro do campo da política pública.
Marcela Machado, coordenadora do curso do LabJaca, contou sobre o perfil dessa primeira turma que é em sua grande maioria formada por jovens negros. Muitos foram pela primeira vez a um museu por causa dessa formação.
“Uma das aulas mais emocionantes foi a ida ao Museu de Arte do Rio (MAR) e o circuito pela pequena África. Foi uma aula especial porque gerou nos alunos uma conexão com a cidade. Eles sempre falam muito dos problemas que a gente vive aqui relacionado ao programa Cidade Integrada e como o estado coloca a favela como fora e desintegrada do resto da cidade. Acho que com o passeio a gente conseguiu promover um processo de integração e uma reflexão crítica direta ao estado”, explicou Marcela.
Além de fomentar um debate territorializado sobre políticas públicas para o Jacarezinho, o curso é um primeiro passo estratégico para reunir um grupo de moradores interessados em mobilizar mudanças no território. Um próximo passo do LabJaca será a construção da Agenda Jacarezinho 2030.
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“Temos um grupo diverso que tem proposto muitas políticas principalmente no tema da segurança pública, que é algo que atravessa tanto a possibilidade quanto a viabilidade do curso. Além disso, estamos pensando em políticas públicas para cultura, comunicação e tecnologia também, estamos em movimento”, adiantou a coordenadora do curso.