Apenas 1/3 da população da metrópole tem seus domicílios conectados à rede de coleta e tratamento de esgoto. Em Japeri, Nilópolis e Queimados não há nenhum tipo de infraestrutura de esgotamento sanitário em funcionamento.
O acesso universal e gestão eficiente das águas inclui-se em qualquer lista dos maiores desafios globais para este século, simbolizando de forma emblemática o alcance dos limites ambientais para a atuação humana. Ao mesmo tempo, poucos temas evidenciam de forma tão crua os fracassos coletivos do Rio do que a sua relação com a água e o saneamento. Chegamos ao ano olímpico, mais de 2 séculos depois da conversão da cidade colonial em capital do país, a meros 34% da população dos 21 municípios da metrópole vivendo em domicílios conectados à rede de coleta e tratamento de esgoto, ligações clandestinas de dejetos multiplicadas em todos os pontos da cidade, acesso irregular ao fornecimento de água em vastas parcelas dela e sistemas de recursos hídricos sob pressão constante.
O cidadão fluminense é dos que mais produz lixo no país, 1,31 kg por dia, somente atrás dos paulistas (1,38kg/dia) e brasilienses (1,55 kg/dia). No município do Rio, até 2013 somente 3% do lixo era reciclado.
Entre as prioridades perdidas da metrópole, não haverá assim como avançar sem enfrentar a tarefa nesta frente, em todas as suas dimensões: da gestão e preservação de mananciais à infraestrutura de fornecimento e saneamento, da destinação adequada ou reciclagem do lixo aos sistemas de tratamento, da redução de perdas na rede de abastecimento ao consumo consciente. Tarefas uma vez mais inadiáveis para cidade que se quer viva, bela e longeva, para além das aparências.
- Afirmação da meta de universalização do acesso de qualidade à água e saneamento na metrópole, com a programação pública dos investimentos necessários e a definição de atribuições e fontes de financiamento para a sua realização.
- Fortalecimento do sistema de gestão e regulação do setor, com o aumento das capacidades de ação da Agência de Regulação do Saneamento no estado e dos comitês de gestão de bacias hidrográficas, criação dos planos municipais e valorização dos conselhos municipais de saneamento em todos os municípios, criação de um sistema estadual de informações sobre saneamento e ampliação dos mecanismos de participação, controle social e monitoramento público das ações em todos os níveis.
- Ampliação da eficiência e transparência na política tarifária, com gratuidade ou tarifa social para o acesso ao essencial para consumo humano e adoção de progressividade nas faixas de consumo adicional, sobretudo no uso do recurso para fins lucrativos, e publicidade nos parâmetros e beneficiários de políticas de tarifação reduzida no sistema.
- Promoção do uso eficiente da água, em todas as etapas da cadeia de fornecimento, reduzindo o índice de perdas do sistema de abastecimento de 45% para ao menos 30%, diminuindo o consumo per capita de modo a deixar o posto de maior índice do país, combate a ligações clandestinas de esgoto e adoção de sistemas de reuso de água no consumo doméstico, público e do setor privado.
- Aprimoramento da gestão do lixo e resíduos sólidos, com a recuperação das áreas de todos os lixões encerrados pelo programa Lixo Zero, maior fiscalização dos aterros sanitários, expansão vigorosa dos serviços de coleta seletiva, reciclagem e compostagem de lixo orgânico, e implantação de sistemas de logística reversa pelos agentes privados.
- Adoção de incentivos fiscais a negócios sustentáveis, nos planos da gestão e reaproveitamento de resíduos e economia circular, uso eficiente de recursos e criação de novas soluções e tecnologias para o esgotamento sanitário e coleta de lixo em contextos urbanos e geográficos diversos.
- Reflorestamento de nascentes e margens dos principais rios que abastecem a metrópole, através de programas de complementação de renda e pagamento por serviços ambientais de produtores rurais.