Entre os paradoxos diversos que marcam o Rio, está o da sua relação com os outros e o convívio na cidade: o Rio é plataforma justamente celebrada de encontro e diversidade, mas também de apartações e desconfianças mútuas profundas, é icônico pela intensidade e beleza da sua vida nas ruas e nos espaços públicos, mas também pela incivilidade e descuido persistentes no compartilhamento delas.
Beleza e caos, com a missão de dissociá-los, multiplicando a primeira e desfazendo-se do segundo, estando sempre assim entre os chamados fundamentais da cidade. O Rio pode ser mais atento a todos no fazer e viver dos seus espaços – para mulheres, crianças, negros, jovens, LGBTs, idosos, pessoas com deficiência etc. Pode ser mais acolhedor e melhor no respeito ampliado à vida coletiva – do trânsito à gestão de resíduos, da conservação de espaços ao pagamento de tributos. Pode ser mais aberto e voltado à circulação ampla das pessoas em todo o seu território, sem abrir mão da criatividade, espontaneidade e alegria de viver que inegavelmente o definem e fazem belo também.
Mais que isso, pode realizar de forma ainda mais plena essas qualidades ao fazer tudo isso, no cuidado com as pessoas, espaços e recursos naturais, no prazer da vida cotidiana, na vivência da vitalidade cultural, urbana e da natureza que o faz único. Renovar os modos de exercitar e experimentar a vida coletiva precisando estar assim no horizonte comum do Rio para cumprir a promessa de cidade que é e pode ser.
- Incorporação da diversidade como parâmetro central no desenho e gestão da cidade, expandindo os meios de acessibilidade, segurança e fruição dos espaços por todos os grupos sociais.
- Criação de programas de promoção de cultura cidadã e convivência, combinando ações educacionais, culturais, esportivas e de lazer, incentivos ao envolvimento comunitário no uso e valorização de espaços públicos e fomento ao convívio plural no cotidiano da cidade.
- Estímulo à circulação e exploração plena da metrópole por seus moradores e visitantes, promovendo a valorização dos espaços urbanos, parques e reservas naturais e circuitos culturais de todo o seu território, fomentando o acesso ampliado a eles por todos também de toda a cidade, e desfazendo barreiras de mobilidade, segurança ou apenas de fronteiras enraizadas para a sua vivência integral.