Na busca pelo direito à moradia, 150 famílias ocuparam um prédio abandonado do governo no Centro do Rio de Janeiro. O imóvel, que é uma propriedade da Faperj, foi ocupado por 5 dias em junho deste ano até que o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) conseguiu um acordo público com o governo do estado. A negociação foi um compromisso político que com a saída das pessoas do prédio, o poder público se comprometeria a construir 150 unidades habitacionais no centro do Rio, com recursos do Fundo Estadual de Habitação. Saiba mais sobre os passos seguintes dessa história:
1- Atuação no Mapeamento
A Ocupação Almirante Negro João Cândido leva esse nome em homenagem ao líder da revolta da Chibata, no Rio de Janeiro. A luta da organização se concentra principalmente para garantir que as 150 famílias da ocupação conquistem seu direito à moradia. O apoio do Fundo Casa tem possibilitado que o movimento realize suas atividades políticas como o mapeamento de imóveis públicos subutilizados na região central da cidade. Essa pesquisa de campo, feita com os recursos do edital 2021, possibilitou que o grupo encontrasse 40 prédios e terrenos do governo que estão abandonados e poderiam ser remanejados para as famílias da ocupação. Esse levantamento já foi apresentado na mesa de negociação junto ao poder público, no momento o MLB está pressionando para que seja divulgada uma solução definitiva para as famílias.
2- Conversa com o território
O principal objetivo no MLB é que todas essas famílias consigam morar no centro da cidade do Rio. A região concentra os principais serviços públicos do município e também a maior parte das oportunidades de emprego. O grupo denuncia que o poder público vem nos últimos anos investindo em políticas públicas habitacionais que afastam os trabalhadores do centro da cidade. Isso tem como um dos efeitos o aumento do tempo e dinheiro gasto dentro do transporte público, já que muitos ainda precisam se deslocar diariamente até a região central para trabalhar. A coordenadora do MLB, Juliete Pantoja, falou sobre essa realidade de exclusão.
“Hoje o direito à cidade é negado aos trabalhadores e às famílias mais pobres porque o preço da terra e do solo na área central é muito caro. Então, se não há uma intervenção pública, essas pessoas que muitas vezes trabalham aqui na área central não têm direito a morar por aqui”, resumiu Juliete.
3- Efeito de ocupar
O MLB apresenta as ocupações como uma ferramenta de luta que ajuda a garantir que todas as pessoas tenham como usufruir do seu direito à cidade e à moradia. A organização acredita que o acesso à habitação digna é uma porta de entrada para vários outros direitos básicos, e sem ela é impossível começar a reverter o quadro de desigualdade que vivemos. Além da luta por moradia, o MLB também vem somando com ações comunitárias nas favelas e territórios da Baixada Fluminense com projetos de educação popular, saúde e combate à violência contra a mulher.
Acompanhe o trabalho da Ocupação Almirante Negro João Cândido nas redes:
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