Movimento luta para garantir o direito dos trabalhadores morarem no Centro do Rio

Texto por
Luize Sampaio
Data
17 de dezembro de 2021

Na busca pelo direito à moradia, 150 famílias ocuparam um prédio abandonado do governo no Centro do Rio de Janeiro. O imóvel, que é uma propriedade da Faperj, foi ocupado por 5 dias em junho deste ano até que o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) conseguiu um acordo público com o governo do estado. A negociação foi um compromisso político que com a saída das pessoas do prédio, o poder público se comprometeria a construir 150 unidades habitacionais no centro do Rio, com recursos do Fundo Estadual de Habitação. Saiba mais sobre os passos seguintes dessa história:

 1- Atuação no Mapeamento

A Ocupação Almirante Negro João Cândido leva esse nome em homenagem ao líder da revolta da Chibata, no Rio de Janeiro. A luta da organização se concentra principalmente para garantir que as 150 famílias da ocupação conquistem seu direito à moradia. O apoio do Fundo Casa tem possibilitado que o movimento realize suas atividades políticas como o mapeamento de imóveis públicos subutilizados na região central da cidade. Essa pesquisa de campo, feita com os recursos do edital 2021, possibilitou que o grupo encontrasse 40 prédios e terrenos do governo que estão abandonados e poderiam ser remanejados para as famílias da ocupação. Esse levantamento já foi apresentado na mesa de negociação junto ao poder público, no momento o MLB está pressionando para que seja divulgada uma  solução definitiva para as famílias. 

Em junho de 2021, 150 famílias do MLB ocuparam o prédio por 5 dias e conseguiram acordo com Governo do Estado. Foto: MLB-RJ

2- Conversa com o território 

O principal objetivo no MLB é que todas essas famílias consigam morar no centro da cidade do Rio. A região concentra os principais serviços públicos do município e também a maior parte das oportunidades de emprego. O grupo denuncia que o poder público vem nos últimos anos investindo em políticas públicas habitacionais  que afastam os trabalhadores do centro da cidade. Isso tem como um dos efeitos o aumento do tempo e dinheiro gasto dentro do transporte público, já que muitos ainda precisam se deslocar diariamente até a região central para trabalhar. A coordenadora do MLB, Juliete Pantoja, falou sobre essa realidade de exclusão. 

“Hoje o direito à cidade é negado aos trabalhadores e às famílias mais pobres porque o preço da terra e do solo na área central é muito caro. Então, se não há uma intervenção pública, essas pessoas que muitas vezes trabalham aqui na área central não têm direito a morar por aqui”, resumiu Juliete. 

Juliete Pantoja é coordenadora do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e foi aluna do Curso de Políticas Públicas da Casa Flumienense. Foto: Bea Rodrigues

3- Efeito de ocupar 

O  MLB apresenta as ocupações como uma ferramenta de luta que ajuda a garantir que todas as pessoas tenham como usufruir do seu direito à cidade e à moradia. A organização acredita que o acesso à habitação digna é uma porta de entrada para vários outros direitos básicos, e sem ela é impossível começar a reverter o quadro de desigualdade que vivemos. Além da luta por moradia, o MLB também vem somando com ações comunitárias nas favelas e territórios da Baixada Fluminense com projetos de educação popular, saúde e combate à violência contra a mulher.

Assembleia com as famílias da Ocupação João Candido, coordenada pelo MLB, no Sintell – Sindicato dos Trabalhadores em Telefonia. Foto: Bea Rodrigues

Acompanhe o trabalho da Ocupação Almirante Negro João Cândido nas redes: 
https://www.instagram.com/mlb.rj/

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