Movimento Estudantil de Itaboraí: Educação popular na luta pelo acesso à universidade

Texto por
Carín Nuru
Data
8 de novembro de 2024

Promover o direito à educação superior para estudantes de escolas públicas em território onde o acesso ao ensino básico e ao vestibular ainda é um privilégio é o desafio que o Movimento Estudantil de Itaboraí (Movit) enfrenta.

Segundo dados dos Perfis Municipais, Itaboraí tem 2,7% das suas escolas públicas sem infraestrutura básica, um dos piores indicadores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Além disso, 72,9% das pessoas negras do município inscritas no ENEM não têm acesso à internet em casa. É nessa realidade que atua o Movit, um pré-vestibular gratuito e comunitário, que luta para ampliar o acesso à educação superior para os estudantes de escolas públicas do leste fluminense.

Iniciando suas atividades no período pós-pandemia, o MOVIT lida com o desafio da defasagem da educação pública, potencializada pela reforma do Ensino Médio, que deixou de priorizar disciplinas essenciais para o vestibular e o acesso ao ensino superior. Oferecendo uma preparação que vai além do conteúdo do vestibular, o movimento busca lidar também com questões de pertencimento, cidadania, raça e classe.

O projeto atua a partir da dedicação de oito jovens voluntários, que compartilham da tarefa de dar aulas, representar e fazer a gestão do MOVIT. Entre eles, estão Evelin Guimarães e Kamille Lima, educadoras e integrantes do projeto. “É o fortalecimento de uma educação popular que visa o ENEM, mas que é inclusiva, que leva em conta a subjetividade das pessoas. Um movimento de esperança, que fortalece a comunidade local e pessoas que vão perpetuar a educação popular”, compartilhou a Evelin.

Para eles, é importante oferecer um conteúdo que vá além da sala de aula, focando em como o ensino pode impactar a vida cotidiana dos jovens estudantes. “Estamos transformando conhecimento em práticas diárias, não só para incentivar o interesse pela universidade, mas para o dia a dia desses jovens”, conta Kamille, professora de português e também formada por um pré-vestibular comunitário.

Esse esforço reflete na dedicação e sensação de pertencimento que os estudantes têm com o pré-vestibular. “Quando você chega na aula você se sente tão acolhido, tão importante, toda vez que eu penso em desistir vem alguém me acolher e isso é incrível”, compartilhou Nichollas, um dos estudantes que está se preparando para o vestibular com o MOVIT.

O Movimento Estudantil de Itaboraí é um dos projetos apoiados pelo Edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense, que busca iniciativas alinhadas com as propostas de políticas públicas da Agenda Rio 2030. Uma das políticas é a do Pré-vestibular Gratuito, que propõe o apoio a trabalhos como o do MOVIT, que desempenham um papel histórico ao mitigar a falta de acesso de pessoas pobres e periféricas às universidades.

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