Casa Fluminense recebeu a Medalha Tiradentes da Alerj pelo trabalho prestado a metrópole

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Texto por
Luize Sampaio
Data
12 de abril de 2022

A Casa do Legislativo do Rio de Janeiro entregou na última sexta-feira (08/04) à Casa Fluminense a Medalha Tiradentes, a maior honraria concedida pelo estado do Rio de Janeiro. Atribuída pelo Deputado Estadual Waldeck Carneiro, a homenagem contou com a presença de representantes do Poder Legislativo, Associados da Casa, membros do Conselho de Governança, organizações e coletivos parceiros, além de amigos e familiares.

Entrega da Medalha Tiradentes para Casa Fluminense na ALERJ. Rio 08-04-2022. Fotos Elisângela Leite

Para continuar essa construção coletiva, que é marca da história da Casa, nada como entender a importância e força dessa celebração a partir daqueles que fizeram e fazem parte dessa conquista. São ao todo 98 parceiros associados, X fundadores, 170 projetos apoiados, 12 agendas locais construídas, 200 lideranças fortalecidas pelo Curso de Políticas Públicas e mais 40 novos alunos que iniciaram recentemente a nova edição. Confira alguns desses personagens que fizeram parte da celebração da Casa na Alerj:

“Tenho me preocupado, assim como outros deputados e deputadas, com uma certa banalização da concessão dessas medalhas, que acabam perdendo um pouco do seu valor simbólico, porém não é o caso de agora. Nesse caso, entregar essa medalha dignifica a própria Alerj. Embora jovem, a Casa Fluminense, se constituiu em uma interlocutora indispensável para quem discute, formula e implementa políticas públicas no estado do Rio de Janeiro. Uma coisa que sempre me causou admiração é que o trabalho coletivo que a constitui, nos ajuda a entender que o campo das políticas públicas não é um monopólio do estado. A sociedade civil precisa ter um protagonismo no processo de discussão dessas práticas, isso amplia a democracia”.

Entrega da Medalha Tiradentes para Casa Fluminense na ALERJ. Rio 08-04-2022. Fotos Elisângela Leite

O deputado Waldeck Carneiro é um dos parlamentares parceiros da Casa, atuando juntos no monitoramento e proposição de políticas públicas voltadas para a Região Metropolitana do Rio em temas como governança metropolitana, habitação e transporte, por exemplo.

“Quando começamos a conversar sobre o que seria a Casa Fluminense, há 10 anos atrás, a gente queria que todos os investimentos que estavam sendo feitos para as olimpíadas não ficasse só no centro da cidade. Queríamos que essa oportunidade se espalhasse por toda a metrópole e para além de 2016. Sofremos muitos golpes e derrotas, destaco a morte da vereadora Marielle Franco. Mas quando hoje vejo na televisão alguém da Casa publicizando dados de qualidades que foram gerados junto com coletivos espalhados pela metrópole, aí eu tenho certeza que os golpes e derrotas demonstram a força que tinha esse movimento desde o início, que é uma força que eu espero que só vá aumentar”. 

Entrega da Medalha Tiradentes para Casa Fluminense na ALERJ. Rio 08-04-2022. Fotos Elisângela Leite

Mariana Cavalcanti é uma das fundadoras da Casa Fluminense, integrante do primeiro conselho deliberativo da organização, professora e coordenadora do grupo CASA no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 

“A Casa Fluminense tem um lugar central no debate sobre a Região Metropolitana, ela é uma rede, um caminho e espaço que ajuda a dar visibilidade às vozes de movimentos e coletivos de periferias e favelas. Essa homenagem representa o reconhecimento e a localização de onde estão os espaços mais avançados e revolucionários de condução de resistência. A Casa se coloca como ponte que possibilita que grupos da periferia possam dialogar com atores institucionais que nunca olharam para a nossa existência na construção de políticas públicas. Conheci a Casa um mês após a morte da Joana, minha prima que foi morta nos trens, e desde então a gente tem construído em conjunto uma luta pelo direito à cidade. Essa equipe não esteve comigo só nas reuniões, esse grupo acolheu a minha e a minha família. Então, localizar a política que a Casa produz é localizar uma política de afeto” 

Entrega da Medalha Tiradentes para Casa Fluminense na ALERJ. Rio 08-04-2022. Fotos AF Rodrigues

Rafaela Albergaria é fundadora do Observatório dos Trens, conselheira da Casa, mestre em Serviço Social, articuladora política do Movimento Mulheres Negras Decidem e produziu junto com a Casa o livro “Não Foi em Vão”.

“ O papel que a Casa Fluminense tem desempenhado quando olha para Região Metropolitana é um olhar carregado de muito afeto. Gosto de pensar no afeto como uma tecnologia de desenvolvimento social. Para fazer o que a Casa Fluminense faz é preciso gostar de pessoas, e a gente vê isso em todas as ações propostas pela organização. O Golfinhos teve um contato muito profundo e bonito com a Casa em 2020. Naquele momento de pandemia em que a gente estava muito perdido em uma luta muito grande na entrega de ajuda humanitária às famílias mais afetadas de Queimados. Foi nesse mesmo ano que soubemos do Fundo Casa, que foi alívio, acalento e afeto para a gente. O Fundo nos possibilitou renovar nossas energias enquanto instituição e caminhar adiante”. 

Entrega da Medalha Tiradentes para Casa Fluminense na ALERJ. Rio 08-04-2022. Fotos Elisângela Leite

Gisele Castro é fundadora e coordenadora sociocultural do Golfinhos da Baixada, parceira na publicação Agenda Queimados 2030, educadora popular e mestranda em Educação e no Instituto Multidisciplinar da UFRRJ. 

“A visão que oferecem sobre o Rio de Janeiro é um cartão postal muito limitado em comparação ao que ele é, e a Casa Fluminense ajuda a gente ter uma visão mais ampla desse Rio através  de  outros símbolos, como a Baía de Guanabara e os próprios trens. A Casa é um abrigo para diversas organizações, o Movimenta Caxias só existe por causa dessa organização, eu não tenho a menor dúvida disso, assim como outras organizações populares que a Casa ajuda com sua escuta ativa e valorização dos territórios. A gente fala muito sobre ter que voltar a base, mas quando o bicho pega sabemos que nem todo mundo vai lá e a Casa sempre está lá. Em um momento de tanto retrocesso a organização nos ajuda a olhar para o futuro, pensar em um agenda 2030 é um grande desafio ainda mais com tantas propostas e soluções”. 

Entrega da Medalha Tiradentes para Casa Fluminense na ALERJ. Rio 08-04-2022. Fotos Elisângela Leite

Wesley Teixeira é cria de Duque de Caxias, integrante do Movimenta Caxias, liderança da Coalizão Negra por Direitos, do Movimento Negro Unificado e educador popular.

“A Casa Fluminense tem construído de forma efetiva a produção de pesquisas e indicadores fundamentais para incidência política e o fortalecimento da partição social protagonizada por atores periféricos. Tudo isso fomenta a valorização da identidade metropolitana, uma marca forte da construção da Casa. Frente a uma conjuntura tão desafiadora, a organização cumpre um papel fundamental na defesa de direitos com estratégias voltadas para justiça racial, gênero, climática e econômica. A potência da Casa é fruto dessas escolhas”.

Entrega da Medalha Tiradentes para Casa Fluminense na ALERJ. Rio 08-04-2022. Fotos Elisângela Leite

Raquel Willadino é doutora em Psicologia Social e diretora do Observatório de Favelas.

 “Acolhedor, inclusivo e popular, essas são as bases de fundação da casa, sempre lutei por isso. São pilares do modo de fazer política que nos guiaram até aqui, uma política pautada no afeto, respeito e empatia. A gente reúne doutores das universidades e também lideranças locais, e a gente tenta equilibrar e trabalhar junto. Essa homenagem fortalece a nossa formação dos últimos nove nós mas representam também um ponto de partida para outro capítulo de trabalho da organização”

Entrega da Medalha Tiradentes para Casa Fluminense na ALERJ. Rio 08-04-2022. Fotos Elisângela Leite

Henrique Silveira é geógrafo, mestre em cultura e comunicação pela UERJ, além de fundador e  coordenador geral da Casa Fluminense. 

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