A Visão Coop é um laboratório cooperativo que organiza redes de colaboração na Baixada Fluminense. A iniciativa surgiu em 2012, a partir da vontade de pensar o território pelas suas potencialidades e de apoiar as demandas socioeconômicas dos moradores, principalmente de Queimados, município de atuação do grupo. Em cidades onde a assistência pública não chega de forma integral, a sociedade civil e organizações locais, como a Visão, se mobilizam para mitigar, por conta própria, os impactos das desigualdades na vida da população.
A organização começou seu trabalho com a ajuda a população afetada pelas enchentes na pandemia. Hoje, o coletivo atua com tecnologias digitais, como o projeto de alfabetização digital para crianças; tecnologias sociais, a partir da cultura, memória e preservação da cidade; e com tecnologias verdes, pautando as injustiças climáticas e o racismo ambiental do território. Neste ano, apoiados pelo Edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense, a Visão buscou produzir formações, focando no impacto educacional e político.
Maria Clara Salvador, integrante da Visão e formada em filosofia pela UERJ, em entrevista a Casa Fluminense, contou mais sobre a trajetória da Visão e o Curso de Políticas Públicas. Maria compartilhou que, “A visão acredita na possibilidade de expansão e maior investimento na educação e pesquisa dentro do território, acreditamos no potencial de incentivar a construção de ciência territorial”.
Políticas Públicas em Queimados
O Curso de Políticas Públicas da Visão Coop foi a principal atividade desenvolvida por eles neste ano, e teve sua primeira edição em 2023, a partir do apoio da Casa e da rede local que construíram. Atendendo uma média de 30 alunos, a formação considerou os perfis de jovens, adultos e adolescentes, que fossem agentes e lideranças locais, pessoas com desejo de integrar a uma nova rede ou organização, a partir da vontade de incidir politicamente no território. Maria explica que, “o curso é um projeto voltado para pesquisa e educação, com o objetivo principal de formação e incidência territorial”.
Além disso, ela contou que durante a formação, eles abordaram temas pensados nas demandas do território de Queimados e considerando como essas informações poderiam reverberar em ações no município. “Nós aprendemos a importância da geração cidadã de dados para incidir em políticas públicas, sobre como construir agendas para incidir no território, focando em agentes, pessoas que compõem organizações, mas também em quem têm vontade de se integrar a uma nova rede”, ressaltou Maria.
As aulas contaram com diversas atividades como práticas de comunicação e violência territorial, até mobilidade urbana e lei de acesso à informação. Tudo isso a partir de aulas teóricas e visitas guiadas pelo território para conhecer a realidade local. Além do impacto educacional na vida dos alunos, o curso buscou impulsionar um novo olhar para o território de queimados e seus bairros, pensando o município para além de uma cidade-dormitório.
Maria, contou também sobre a importância do apoio da Casa para essa construção. “O apoio da Casa foi importante para que nós conseguíssemos mobilizar e articular metodologias que vão desde o lanche, a entrega das agendas e publicações, até as saídas com eles para visitas”, compartilhou.
Construção de redes de impacto
Desde o início, as atividades da Visão COOP eram pensadas a partir da colaboração e construção de redes, em busca de amenizar os impactos das desigualdades, sonhando com um futuro e uma Baixada menos desigual.
Alinhado com esse propósito, este ano, o projeto construiu o curso a partir de uma construção coletiva, pensando e buscando colaboração territorial para o desenvolvimento. Além do apoio da Casa Flu a partir do “Edital Agenda Rio 2030: Enfrentamento ao Racismo Ambiental, Geração Cidadã de Dados e Incidência Política”, o coletivo contou o apoio da Estácio Queimados, onde foi realizado as aulas e da Padaria Xodó, comércio territorial da Baixada Fluminense, que apoiou com a alimentação dos alunos e professores.
Trabalhar a construção cooperativista também é mostrar para a população do seu território a importância de se mobilizar em prol do investimento na pesquisa e educação local. A Visão não só pauta a importância da organização de redes de cooperação para a construção de políticas do seu território, mas mostra na prática como trabalhar de forma coletiva a partir das tecnologias sociais, digitais e verdes na Baixada Fluminense do Rio.