Na vila Kennedy, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, o Centro de Convivência Mais que Vencedores têm transformado a vida de mulheres do território há mais de 10 anos. Entre cursos, oficinas e ações culturais, o grupo busca potencializar o acesso ao mercado de trabalho, cultura e educação de mulheres do território.
Este ano, a organização está realizando o projeto CURA – Costurando com União, Reciclagem e Arte, uma iniciativa que une técnicas de costura criativa, reciclagem e pintura à conscientização sobre questões de violência e desigualdade de gênero. Carla Felizardo, uma das voluntárias da organização, organiza o projeto que cria uma rede de apoio de fortalecimento às participantes.
“A ideia é potencializar as mulheres com a costura criativa, o upcycle, a arte, a pintura e dialogar sobre as questões das violências. Para que a gente consiga se proteger, se cuidar e alcançar novas perspectivas”, explica Carla Felizardo, voluntária da ONG.
Vila Kennedy é uma periferia da cidade do Rio de Janeiro que vive um cenário de vulnerabilidade agravado pela falta de assistência social. De acordo com dados do Mapa da Desigualdade da Casa Fluminense, o Rio de Janeiro tem 23.080 famílias cadastradas no CRAS – quatro vezes mais do que a capacidade estabelecida pela Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB SUAS), que prevê atendimento máxima de 5.000 famílias.
Essa realidade atinge principalmente favelas e periferias, como Vila Kennedy, onde famílias não são cuidadas e assistidas pelas políticas públicas. É nesse contexto que o CURA oferece apoio e cuidado, principalmente as mulheres do seu território. É lá que as participantes desenvolvem confiança para explorar diferentes caminhos profissionais.
Edna Bezerra, que atua há quase 10 anos no Centro de Convivência, foi potencializada pelo espaço a fazer faculdade. Hoje, formada em Moda, ela encontrou na organização a oportunidade de compartilhar seu conhecimento. “Eu descobri minha vocação para ensinar e nesse tempo de voluntariado aprendi a lidar com as pessoas e as suas limitações. E, juntas, vamos descobrindo maneiras de ultrapassar esses desafios”, compartilha Edna, professora de costura do projeto.
O Mais que Vencedores recebeu o apoio para execução do CURA através do Edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense deste ano. E, segundo Carla, essa parceria permitiu melhoras na infraestrutura e execução do projeto, como a compra de materiais para as oficinas, lanches e um acolhimento mais estruturado para as participantes.
Além de gerar impacto local, o CURA reafirma a importância de investir na valorização cultural e profissional das mulheres em territórios periféricos e favelados, promovendo mudanças significativas na vida de quem participa. “Hoje, com certeza, somos mais que vencedores”, finaliza Carla.