Fortalecer o fazer cultural nas periferias, onde o acesso a políticas públicas é quase inexistente, é o desafio enfrentado por diversos municípios da Baixada Fluminense. Em Paracambi, município que não possui Conselho, Plano e nem Fundo de Cultura – conhecido como CPF da cultura –, a Casa Uivo vem abrindo caminhos para transformar essa realidade e impulsionar a produção de cultura do seu território.
Com apoio do edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense, a Casa Uivo desenvolveu o Curso de Políticas Culturais, reunindo fazedores e fazedoras culturais do município de Paracambi e regiões vizinhas em uma jornada coletiva de formação, troca e articulação cultural. O curso foi pensado a partir da percepção do coletivo de que, mesmo com a chegada de recursos federais, como as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, muitas pessoas da região não conseguiam acessar esses recursos por falta de informação, formação técnica e estrutura institucional.

“Pensamos esse curso para fortalecer a galera que faz cultura aqui na cidade e na região”, explica Vitória Rosa, coordenadora de produção da Casa Uivo. “A gente entende que aqui na Baixada tem uma dinâmica diferente de outras regiões da Metrópole. Temos individualidades que só a gente entende, e por isso é importante pensar políticas culturais que enxerguem e considerem esse cotidiano.”
Durante as aulas, os participantes debateram os marcos históricos da política cultural do município, compartilharam experiências e aprenderam sobre elaboração de projetos, comunicação, orçamento e captação de recursos. Taty Maria, coordenadora de operações da Casa Fluminense, também participou do time de professores, compartilhando sua trajetória na produção cultural.



Gabriela Rodrigues, coordenadora de mídias digitais da Casa Uivo, aponta o impacto da iniciativa: “Esse curso foi muito importante tanto para a gente se unir, conhecer outros fazedores de cultura, debater sobre o nosso fazer cultural, aprender sobre editais e também lutar por políticas públicas culturais em Paracambi”

Fernanda Berçote, aluna do curso e produtora cultural, conta sobre a importância da formação. “Gostei muito do curso, os conteúdos foram maravilhosos, cada dia mais aprendendo, sobre cultura, união e integração de fazeres, pessoas, mulheres, se fortalecendo cada vez mais. Estamos aprendendo, se ajudando e valorizando mais nossa cultura”
A experiência da Casa Uivo está ligada à proposta de Sistemas de Cultura e Memória, uma das 10 propostas prioritárias da Agenda Rio 2030, que propõe consolidar os sistemas de cultura com conselhos, planos e fundos municipais, valorizando mestres e mestras da cultura local. Essa é uma estratégia para contornar a realidade onde 17 dos 22 municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro investem menos de 1% de seus orçamentos em cultura – segundo levantamento feito pela Casa Fluminense.
Para a Casa Uivo, pensar e fazer cultura no território é também disputar recursos, espaços e permanência. É para projetar mudanças no município. “A cidade ainda não tem CPF da cultura, então estamos pensando como a gente consegue fortalecer o setor cultural e começar a pensar como fazer com que esse CPF da cultura aconteça na cidade”, diz Vitória.
