Construindo novos futuros: os frutos do Edital Agenda Rio 2030

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Texto por
Comunicação Casa
Data
14 de dezembro de 2023

No último dia 2 de dezembro, aconteceu o encerramento do Edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense deste ano. O encontro foi organizado pela Casa no Quilombo do Feital, uma das iniciativas apoiadas pelo edital, localizado em Magé, município da Baixada Fluminense. No encerramento, representantes dos projetos se reuniram para um dia de troca e compartilhamento das atividades realizadas pelas organizações, ao longo de 2023. Durante o encontro, cada projeto teve a chance de falar sobre as experiências, tecnologias e práticas desenvolvidas por eles, em um espaço de troca de ideias promovido para potencializar a construção de redes e o impacto das ações dessas organizações pela região metropolitana do Rio.

Neste ano, foram 25 projetos contemplados, distribuídos desde o leste até a Baixada Fluminense, abrangendo diversas favelas e periferias, totalizando 9 municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Entre as iniciativas, a maioria são coordenadas por pessoas negras, delas mais de 70% são por mulheres, além dos projetos liderados por indígenas, quilombolas e pela população LGBTQIA+. 

O impacto do Fundo Casa Fluminense é importante não só pela construção de ações e redes pela metrópole do Rio, mas também pela oportunidade de possibilitar acesso financeiro a iniciativas tão potentes e diversas. A coordenadora executiva da Casa, Larissa Amorim, acredita na importância de editais como o Agenda Rio para a descentralização de recursos financeiros, possibilitando acesso a projetos desenvolvidos nas favelas e periferias. “Os movimentos, coletivos e organizações populares que atuam especialmente nas periferias, já estão fazendo muita coisa. Muitas vezes o que falta para continuidade e fortalecimento desse trabalho são os recursos financeiros. Fundos comunitários, territoriais, como o Fundo Casa Fluminense, com estratégias do Edital da Agenda Rio 2030 são importantes para fazer esse dinheiro chegar onde ele precisa”, ressaltou Larissa.

Acompanhamento Casa

A lista dos projetos selecionados vão desde construção de Agendas Locais, com planos de incidência política, como a Agenda Rio das Pedras 2030, passando por formações como o Curso de Políticas Públicas em Cultura do Goméia Galpão Criativo, até a organização de espaços de acolhimentos como o Niyara. Tudo isso produzido por lideranças sociais que pensam o futuro da metrópole a partir de frentes inovadoras, utilizando de tecnologias ancestrais e sociais, e considerando a construção em rede. Fabbi Silva, coordenadora de mobilização da Casa, coordenação que faz a frente do Fundo, comentou sobre a diversidade dos apoiado neste ano: “A gente teve projeto de educação popular com foco na alfabetização de pessoas privadas de liberdade, projetos que ensinaram pessoas a trabalhar com edital, atividade de cozinha solidárias, agendas locais, entre outros”.

Todos esses processos foram acompanhados pelas equipes da Casa, pensando não só na importância do apoio financeiro, mas do institucional. O acompanhamento dos projetos foram feitos de perto e, durante o processo, foram desenvolvidas oficinas que buscaram contribuir para a formação de organizações e lideranças, apoiando na criação de materiais de comunicação, produção e análise de dados, questões operacionais e financeiras. Fabbi Silva avaliou o processo de acompanhamento da Casa como um ponto positivo.

“Eu vejo como a gente enquanto a equipe Casa amadureceu o processo de acompanhar os projetos, identificando os potenciais, as vulnerabilidades e trabalhar para que essas vulnerabilidade não impedisse o trabalho de ser executado. Ao longo de 2023 ganhamos muito mais do que a gente poderia ter pensado e queríamos ganhar”, compartilhou Fabbi.

Um dia para compartilhar desafios e vitórias

A atividade de encerramento começou pela manhã, com a chegada dos projetos em Magé, que foram recebidos por um café da manhã, no espaço que hoje é coordenado pela quilombola que nasceu e cresceu na região, Valdirene Couto, conhecido como Val Quilombola. O Feital é mantido por ela e toda a sua família, desde as matriarcas: sua mãe Almirena Couto Raimundo e Tia Marilza Couto da Silva; passando por irmão, primos e filhos. A família mantém o Quilombo a partir de práticas sustentáveis, como a construção de um biodigestor para enfrentar a falta de saneamento da região e a catação de caranguejo no manguezal, fonte de alimentação e renda da família.

Ainda durante a manhã, tivemos uma caminhada pelo território até o mangue, guiada pelo Aldemir Couto, catador de caranguejo e irmão de Valdirene. Além de Carla Lubanco e Andressa Dutra, do Fórum Climático de Magé, que ajudaram falando sobre o funcionamento do biodigestor e a relação do Quilombo com o território. Carla, fundadora do FOMA, compartilhou sobre a importância de ter sido realizado o encerramento do Edital no território de Magé. Segundo ela, “Ter um evento com projetos de outros territórios traz uma visibilidade para nossa comunidade. Participar dessa rede faz com que a gente se sinta mais protegido. O encontro fez com que houvesse uma continuidade dos saberes que são produzidos no território”.

A atividade seguiu para uma confraternização durante o almoço e finalizou com uma roda onde todos os projetos puderam compartilhar as ações desenvolvidas por eles. Valdirene contou sobre sua vontade de compartilhar com outros líderes a experiência que teve com a Casa durante o ano e o edital de encerramento, dizendo que: “Espero que outras pessoas tenham a oportunidade que eu tive de estar na Casa Fluminense, onde tenho apoio para trabalhar fazendo aquilo que gosto e fazer parte de um grupo que todo mundo se engaja. Que a gente sirva de incentivo”, compartilhou.

Paola Lima, assessora de mobilização, compartilhou como o Edital possibilitou a formação de novas redes na Região Metropolitana do Rio. “O Edital não só contribuiu para formar uma rede de liderança, mas para fortalecer as que já existiam. É uma grande estratégia para contribuir na criação de novos projetos, potencializar novas organizações e lideranças que muitas vezes não fazem por conta da falta de fomento”, afirmou Paola.

Encerramos mais um importante ciclo de apoio a iniciativas que têm enfrentado, cotidianamente, as desigualdades em seus territórios e contribuído na promoção das justiças climática, racial, de gênero e econômica. Nos orgulhamos muito de ter essas lideranças fazendo parte da história da Casa e desejamos que essa nova rede se amplie ainda mais. Os desafios que temos pela frente são muitos, mas acreditamos que as soluções já estão sendo construídas por quem vive e sonha um futuro mais justo para o Rio. 

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