A crise climática é um debate urgente na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Calor extremo, riscos de deslizamentos e inundações são casos que atravessam municípios e afetam principalmente as favelas e periferias da cidade, onde pessoas negras, indígenas e quilombolas são mais impactadas.
Petrópolis apresenta um dos piores indicadores climáticos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com 12,3% dos domicílios localizados em áreas de alto risco de deslizamentos; tendo registrado 130 crimes ambientais nos últimos anos, segundo dados dos Perfis Municipais da Casa Fluminense. Esses números mostram a urgência de ações e políticas que promovam justiça climática em Petrópolis. E é a partir disso que o Instituto Todos Juntos Ninguém Sozinho tem atuado, através do projeto TJNS nos Territórios.
O TJNS tem ampliado o debate sobre racismo ambiental em Petrópolis, explicando nos territórios periféricos da cidade como existe uma exposição desigual aos impactos e riscos climáticos, tendo como justificativa a localização geográfica, as características sociopolíticas, econômicas e raciais — segundo o ABC do Clima do Guia para Justiça Climática.
“É um projeto pensado em levar aulas sobre racismo ambiental nos territórios, com a ideia de descentralizar essa informação”, explicou Pamela Mércia, fundadora e diretora do projeto.
Para enfrentar o cenário de desigualdade climática, o projeto reúne 17 integrantes dedicados a levar o debate sobre o racismo ambiental para as periferias da cidade. A iniciativa reflete um esforço do Instituto em impactar o município, promovendo um território mais justo e sustentável, a partir de um espaço em que moradores possam construir reflexões e ações políticas para promover mudanças climáticas em Petrópolis.
“Estamos fazendo um ciclo de aulas em cinco territórios periféricos de Petrópolis, que tem a demanda da nossa presença e que agora conseguimos levar esse conhecimento”, compartilhou a fundadora sobre a formação que estão realizando no município.
Quilombo da Tapera, Caxambú, Vila Rica, Posse e Neylor; esses são os lugares que estão sendo alcançados pela formação que o Instituto tem promovido. Pensando no impacto que a educação climática pode trazer para as populações mais afetadas pela crise, o Instituto prevê que ao fim dos ciclos de formação eles criem uma PL da Política Municipal de Enfrentamento ao Racismo Ambiental.
O projeto, que tem conectado a educação e a justiça climática, faz parte das iniciativas aprovadas no Edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense deste ano, que realizou um apoio institucional e financeiro a 20 iniciativas de territórios da Região Metropolitana.