Cenário pós-eleições na Baixada Fluminense e reflexões para o monitoramento em 2021

Texto por
Comunicação Casa
Data
14 de dezembro de 2020

por Douglas Almeida*

Com as eleições encerradas, as Câmaras de Vereadores e as prefeituras da Baixada Fluminense já têm uma configuração para os próximos 4 anos. No dia 15 de dezembro completa um mês do primeiro turno das eleições. A maior parte dos municípios da Baixada, com exceção de São João de Meriti que teve segundo turno, vai completar 1 mês da gestão reeleita ou do início do processo de transição. Na Baixada, de 13 cidades, 7 continuarão com a mesma pessoa no cargo do executivo municipal. 

Com poucas exceções na região, a população apostou em rostos já conhecidos na política. As novidades aconteceram em duas cidades que possuem agendas locais: Japeri e Queimados. Em Japeri, a Dra Fernanda Otiveros (PDT) foi eleita derrotando ex-prefeitos da cidade e, em Queimados, o professor e pastor Glauco Kaizer (SDD) venceu uma disputa que tinha nomes de peso na política queimadense, como o ex-deputado Zaqueu Teixeira e Lenine Lemos, irmão do ex-prefeito Max Lemos. 

Na Baixada, 9 partidos ocuparão o executivo municipal a partir de 2021. PL, MDB, DEM, PDT, PMB, SOLIDARIEDADE, PSC, PODEMOS e PP elegeram prefeitos na região, com destaque para o PL que elegeu 4 prefeituras, sendo 3 reeleições (Mesquita, Nova Iguaçu e Paracambi) e o MDB que reelegeu 2 prefeituras (Belford Roxo e Duque de Caxias). 

Fonte: TSE 2020

Já no legislativo, o que contribuiu bastante em algumas cidades para mudanças nas câmaras foi o fim da coligação na proporcional. Algumas candidaturas tiveram boa votação, mas ficaram de fora, seja por ter muitos candidatos fortes no partido ou candidaturas bem votadas em partidos que não atingiram o coeficiente eleitoral, como foi o caso do PSOL em Caxias com Rose Cipriano e Wesley Teixeira. Falando de Caxias, ela foi a cidade com a menor renovação na Câmara, enquanto Japeri terá uma câmara 80% diferente da legislatura da atual. Nas cidades da Baixada, na média, o índice de renovação foi de 58%. No entanto, isso não significa necessariamente mudança. O MDB, seguidos do PL, do Progressistas, do DEM e do Solidariedade foram os partidos que mais elegeram vereadores na Baixada, somados chegam a 40% das cadeiras.

Fonte: TSE 2020

Para quem não ficou satisfeito com essas eleições e para a sociedade civil de um modo geral, existe um trabalho pedagógico pela frente, de diálogo com a população. Em algumas prefeituras, a partir de uma avaliação inicial, é possível estabelecer interlocução e cabe à sociedade civil estar atenta para essas brechas e espaços, de olho no monitoramento de políticas públicas.  Para isso, é importante identificar e sistematizar as demandas prioritárias. Existem diferentes formas de fazer isso e, nós da Casa Fluminense, temos apostado na metodologia das agendas locais como uma alternativa possível. Dessa forma é possível pautar a esfera pública (o conjunto da sociedade civil, a mídia, empresas e o próprio poder público), mobilizar pessoas e conquistar corações e mentes. 

O exercício da construção coletiva de propostas, estimulando encontro entre pessoas com o interesse comum de reduzir desigualdades, talvez seja o principal ativo de impacto territorial para contribuir com o desejo por mudança de vida das pessoas no médio e longo prazo. Construir uma agenda ou organizar as demandas prioritárias é identificar problemas e soluções para o território. E se a interlocução com o poder público é complexa, o próprio território vai começar a identificar se a gestão não está interessada em contribuir.

Monitorar é ter a capacidade de identificar como a política pública está sendo executada na sua cidade. Com a sociedade civil mobilizada, com um diagnóstico do território, com as demandas prioritárias mapeadas e com propostas construídas coletivamente é possível avançar nas disputas de narrativa dos territórios a partir de 2021. Independente do cenário difícil ou não para o diálogo com o poder público, construir coletivamente propostas de políticas públicas é um exercício didático de mobilização e que abre oportunidades de interlocução nas brechas que podem surgir. E cada coletivo ou organização é convidada a fazer isso, seja com a metodologia da agenda local ou com suas práticas cotidianas.

*Douglas Almeida é economista, morador de São João de Meriti e coordenador de mobilização da Casa Fluminense. 

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