Salvador ficou gigante!

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Texto por
Comunicação Casa
Data
28 de março de 2018

Por Vitor Mihessen

A dinâmica da “metrópole periférica”, como a Grande Salvador é chamada no livro lançado no 13º Fórum Social Mundial (FSM), foi bastante alterada na semana passada. E ficará, pra sempre, presente na memória de quem ali estava. Hoje Marielle Franco vive no corpo, na alma e no coração de muito mais gente que teve a possibilidade de conhecer, no luto, sua luta. O nome dela e sua trajetória ganharam projeção nacional e internacional. Ela unificou a pauta, numa diversidade de temas ditos minoritários, majoritariamente debatidos no Fórum soteropolitano: genocídio, feminicídio, negritude, território, pobreza, desigualdades, representatividade na política e na sociedade civil.

 

A participação da Casa Fluminense, organização que Marielle era sócio-fundadora, se inicia justamente na Marcha das Mulheres, dia 13, saindo do Largo Dois de Julho, no Campo Grande, em direção à famosa Praça Castro Alves. Foi bonito, intenso, verdadeiro. No dia seguinte, 14 de março de 2018, a primeira atividade de sala foi pela REDE CIDADES, falando de mobilidade urbana e suas conexões com o emprego e a distribuição de bens culturais nos territórios, a segurança pública e o assédio nos transportes, o meio ambiente, a poluição gerada pelo uso intenso dos automóveis e as mudanças climáticas. Todos conectados pela ótica dos ciclos orçamentários, de investimentos dos governos, e pela falta de planejamento e de legado da mobilidade urbana, narrativa comum às capitais que receberam jogos da Copa do Mundo e Olimpíadas.

 

Sobre a representatividade na política e em especial no legislativo, participamos da atividade que clamava por um Novo Congresso e em linhas gerais busca sensibilizar os eleitores em três frentes: a) refletir sobre o poder e a capacidade dos parlamentares em barrar ou emplacar pautas; b) apresentar um retrato com as características socioeconômicas dos membros do parlamento brasileiro e como esse é distante do perfil populacional do país; e c) apresentar algumas propostas de pauta para reduzir estas e outras desigualdades.

Justamente neste último aspecto, pautas possíveis de serem debatidas e votadas a partir das eleições de 2018, nossa atividade do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GTSCA2030) buscou organizar esse debate com um olhar crítico sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). A conversa girou em torno da territorialização, do monitoramento e da incidência com os diagnósticos dos indicadores socioeconômicos do Brasil. A perspectiva do Grupo é produzir a nova versão do Relatório-Luz com evidências e narrativas que denunciem a situação do país sobre os 17 ODS.

 

Sobre dados e informações, faríamos no dia seguinte, 15 de março, a oficina com os Mapas da Desigualdade de São Paulo, de Brasília e do Rio de Janeiro, porém, a face mórbida dessa desigualdade apareceu de forma dilacerante. A taxa de feminicídio, o número de mortes de ativistas, a violência contra mulheres, pretas, faveladas, LGBTs, todas estatísticas aumentaram na noite anterior de uma só vez, de uma forma devastadora. Não é coincidência. E as evidências mostram bem isso. Cancelamos a atividade, junto com a Rede Nossa São Paulo e o Movimento Nossa Brasília, pelo luto e pela luta de Marielle Franco e de Anderson Gomes. Vamos trabalhar por eles.

 

 

Fechando a experiência de estar em Salvador neste momento tão delicado do Rio, a Casa Fluminense participou da conversa sobre genocídio das juventudes, política de drogas e segurança coletiva. O Fórum permanente pela Igualdade Racial (FOPIR) foi o anfitrião de uma grande troca de ideias e vivências que fez jus ao lema do Fórum Social: “Resistir é criar, resistir é transformar”.

Na roda com vários movimentos do Nordeste, da Bahia de todos os santos, encantos e axés, estavam junto @s parceir@s Priscila Rodrigues do Observatório de Favelas, Thais Custódio da Redes da Maré e Fábio Silva do Data Labe. Estávamos em Casa. Somos todos Maré. Eu sou porque nós somos!

 

*Vitor Mihessen é economista e coordenador de informação da Casa Fluminense.

 

BANCADA ATIVISTA no Facebook:

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Hoje (28 de março), completam-se duas semanas da execução de Marielle Franco.

Confirmando a média brasileira dos últimos 3 anos, outras ativistas também foram executadas de lá pra cá. Gente que luta por direitos, perdendo o direito de viver. Marielle lutava pela vida de seus iguais, pobres, negros, favelados, mas defendia os direitos humanos para todas as pessoas.

Precisamos defender quem luta! Compartilhe esse post, marque as amigas para que mais gente saiba os dados alarmantes sobre a morte de ativistas no Brasil. Isso tem que acabar

#QuemMatouMarielle?
#MariellePresente

[+] Justice For Marielle: Assine o manifesto com Angela Davis, Edward Snowden, Naomi Klein, Wagner Moura e Slavoj Žižek: https://justiceformarielle.com/pt/

[+] ONU: Assassinato de Marielle visa intimidar os que lutam pelos D.H. no Brasil: https://bit.ly/2GxSd9Y

[+] The Intercept Brasil: Não deixe que a política radical de Marielle seja explorada ou apagada: https://bit.ly/2J2C3nm

[+] Estadão: País tem pelo menos 194 assassinatos de políticos ou ativistas sociais em 5 anos: https://bit.ly/2DHYeve

[+] G1 – O Portal de Notícias da Globo: Mortos em chacina de Maricá (RJ) davam aulas para crianças de 8 a 10 anos: https://glo.bo/2usLdGr

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