O contexto de pandemia do COVID-19 evidenciou ainda mais o papel das políticas públicas de garantir segurança para a população, principalmente para os economicamente mais vulneráveis. Neste sentido, a Casa Fluminense deu início a série Infográficos da Desigualdade | COVID-19, que serão divulgados, semanalmente, ao longo do mês de abril.
A OMS, o Ministério da Saúde e os governos locais têm orientado a população para priorizar o distanciamento social e o isolamento domiciliar como estratégias eficazes para conter o avanço da disseminação da COVID-19, no atual estágio de contaminação comunitária. Entretanto, o contexto do adensamento populacional excessivo nas periferias da RMRJ deve acionar um alerta para as autoridades e exige planejamento específico que em frente essa realidade desigual.
Dados produzidos pela Casa Fluminense, a partir do Censo 2010 e do Índice de Progresso Social 2018, apontam que 300 mil casas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro têm mais de 3 pessoas por quarto. O município de Japeri, na Baixada Fluminense, possui o maior adensamento habitacional excessivo, com 14% dos domicílios nesta condição. A favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio, lidera entre as regiões administrativas da capital, seguido por Maré, Rocinha, Cidade de Deus, Zona Portuária e Santa Cruz.
Para Vitor Mihessen, que coordena a pesquisa da Casa Fluminense, a falta de acesso a direitos marca historicamente o cotidiano das periferias e favelas e no contexto do COVID19 não seria diferente. “A pandemia tem escancarado as desigualdades nas metrópoles, o indicador de adensamento habitacional excessivo do Rio ajuda a mostrar que é preciso assegurar habitação adequada e renda básica para a população permanecer em distanciamento social”.
Lideranças sociais, além de grupos de economistas e urbanistas têm defendido subsídios para as áreas mais vulnerabilizadas. Em um cenário no qual muitas destas casas sequer possuem acesso à água limpa e ventilação adequada, é necessário que o poder público garanta a compra de cestas básicas e material de construção, além de assistência técnica para essas populações adaptarem suas casas. “Outra proposta é replanejar o uso de prédios públicos e vazios urbanos, além de hotéis e instituições de ensino como espaços de moradia, completa o coordenador de informação da Casa Fluminense.
A série de Infográficos da Desigualdade faz parte do processo de pesquisa do Mapa da Desigualdade | Região Metropolitana do Rio de Janeiro 2020. A publicação inédita da Casa Fluminense vai apresentar conjunto de 40 indicadores sobre a realidade das desigualdades nos bairros, favelas e cidades que compõem esse território. Os dados da série fazem parte da visão da nova publicação, mas não estão na próxima versão do Mapa da Desigualdade que será composta de novos dados a partir dos eixos temáticos da Agenda Rio 2030. Em breve anunciaremos a data de lançamento e inscrições para participantes.
A Casa Fluminense é uma organização da sociedade civil que atua para a construção políticas públicas na metrópole do Rio de Janeiro, com foco na redução das desigualdades e no desenvolvimento sustentável. Criada em 2013 por ativistas, pesquisadores e representantes de outras organizações sociais, se articula em rede para potencializar lideranças sociais, difundir informações e incidir no debate e no poder público.
Leia também algumas das inserções na mídia do primeiro Infográfico da Desigualdade da série Covid-19:
Jornal O Globo – Desafio: 300 mil casas com pelo menos 3 moradores em um quarto; ambiente favorável ao coronavírus
Capa do Jornal Extra – Rio tem 353 mil casas com pelo menos 3 moradores num só cômodo
Folha de São Paulo – Na Baixada Fluminense, Duque de Caxias é o único município que se nega a fechar comércio
RJ1 – Pesquisa mapeia mais de 300 mil casas no RJ onde mais de três pessoas dormem no mesmo cômodo