No Parque Paulista, em Duque de Caxias, a Casa Cuidado tem se destacado como um espaço dedicado ao fortalecimento e valorização do cuidado entre mulheres. Idealizado pela pedagoga e educadora popular, Cyntia Matos, o projeto realiza atividades que promovem o bem-estar físico, emocional e coletivo das participantes, com foco no público feminino do território.
Dados do Perfil Municipal de Duque de Caxias, ressalta a urgência de iniciativas como a Casa Cuidado para o território. Com mais 75% das mulheres negras vivendo em situação de pobreza e extrema pobreza e 74% em domicílios inadequados para habitação, o município apresenta desafios causados pela desigualdade, principalmente de gênero e raça. Além disso, mais de 21 mil famílias dependem dos serviços do CRAS, que ultrapassa a recomendação de 5 mil cadastros por unidade, evidenciando um dos piores indicadores de assistência da Região Metropolitana do Rio.
O projeto, que pauta a política do cuidado, promove encontros marcados por atividades de acolhimento, atenção e valorização do trabalho do cuidado exercido pelas mulheres. A partir de atividades como a “Oficina Regenerativa” e a “Metodologia do Cuidado”, as práticas incluem oficinas de aproveitamento de alimentos, escalda-pés, rodas de escuta, costura coletiva, confraternizações, entre outras atividades. Para Cynthia, idealizadora da Casa, é muito importante criar espaços de acolhimento e diálogo com as mulheres do território: “A fala é libertadora, e a escuta também”.
O Dia do Cuidado foi uma das atividades realizadas no projeto este ano, onde as mulheres participaram de uma programação que iniciou com um acolhimento, incluindo alongamento e café da manhã. Ao longo do dia, foram realizadas atividades como a oficina de trança e roda de escuta, criando um espaço de compartilhamento de vivências e fortalecimento de redes entre as mulheres acolhidas pelo projeto. O encontro culminou em um almoço com feijoada preparada pelas voluntárias da Casa. Esse dia, representou a importância do trabalho realizado pelo projeto, que destaca o autocuidado e o cuidado mútuo como práticas transformadoras para as acolhidas.
A Casa ressignifica o peso que a palavra “cuidado” tem na vida dessas mulheres, que vivem em uma situação de sobrecarga, acúmulo de jornada e vulnerabilidade. Mais do que um conjunto de oficinas, a Casa Cuidado é um espaço de conexão e empatia, onde mulheres negras, faveladas e periféricas, têm a chance de compartilhar suas histórias, sendo ouvidas, compreendidas e valorizadas. “Poder se conectar, ouvir umas às outras, faz toda a diferença para que a gente entenda o quanto está em roda é potente”, afirma Cyntia.
A iniciativa, que reforça a importância de se promover justiça de gênero nos territórios da Região Metropolitana do Rio, foi uma das apoiadas pelo Edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense deste ano. A Casa Cuidado é um exemplo de como projetos locais podem transformar vidas ao colocar o cuidado no centro de ações e debates.