Com o objetivo de estimular o debate e o surgimento de propostas coletivas de políticas públicas entre os múltiplos atores sociais da metrópole, a Casa Fluminense realizou no último sábado (10/06) o 9º Fórum Rio, em parceria com a primeira edição do Virada Sustentável Rio 2017, articulando movimentos, organizações e representantes do poder público em São João do Meriti para um dia inteiro de debates e rodas de conversa. Os temas versaram sobre a nova agenda urbana e as metas globais com vistas à promoção do desenvolvimento sustentável — presentes nos 17 ODS das Nações Unidas, principalmente segurança pública, mobilidade urbana, resíduos sólidos e saneamento básico, áreas de conservação e parques públicos, cultura de monitoramento da sociedade civil e de empreendedorismo social. O evento contou também com uma Feira de Integração onde foram convidados expositores com artesanatos e produtos orgânicos.
Logo na abertura Henrique Silveira, coordenador executivo da Casa Fluminense, lembrou que devemos olhar o Rio de Janeiro com uma visão metropolitana, pois nela está concentrada uma das regiões mais adensadas do país, reunindo 70% da população do estado. Ele abordou o cenário de crise, o aumento da violência e os desafios que temos hoje para estabelecer políticas menos desiguais em defesa do direito à vida. Henrique salientou a importância da cultura de monitoramento para ter transparência e controle social da gestão pública. A mesa foi composta ainda por Waldeck Carneiro, deputado estadual (PT-RJ); Ruth Jurberg, secretária de Captação de Recursos, Urbanismo e Habitação do município de São João do Meriti; Renata Neder, assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional e Douglas Almeida, representante do Fórum Grita Baixada.
Renata lembrou os dados recentemente divulgados pelo IPEA que apontam os recordes de violência com mais de 1 milhão de vítimas de homicídios no estado, onde a violência é claramente seletiva, vitimando principalmente jovens negros e periféricos. “É preciso criar políticas afirmativas para a juventude negra e tratar de diminuir o armamento da sociedade e do estado. Precisamos de uma Polícia Militar mais humana e melhor treinada pois o que estamos vivendo é muito grave, é uma política de execução como política de segurança pública”, disse Neder.
Para Douglas Almeida, a nossa realidade desigual é o cenário que gera a violência, ela se fortalece com os problemas sociais acirrados ainda mais com as políticas neoliberais em curso no Brasil atual. “A total escassez é uma realidade desoladora e esse espaço de construção coletiva do Fórum Rio gera consciência e tem potência de mudança da realidade”, disse. Ele apontou a violação de direitos recorrentes com a população da Baixada, onde 35% da taxa de homicídios dolosos do estado do Rio ocorrem com a presença de 25% de toda a população. O parlamentar Waldeck Carneiro lembrou que “estamos vivendo uma era de conservadorismo que cria um pensamento alinhado ao ódio, o fomento à homofobia e à misoginia nas instâncias de poder são alguns exemplos”, alertou.
A visão de Ruth Jurberg corrobora com essa análise de que a desigualdade social, o desequilíbrio e a má estruturação são marcas históricas do Rio de Janeiro. Ela aponta para uma realidade dura vivida pela população mais pobre, que precisa se deslocar por longas distâncias e que sofrem uma violência cotidiana com a falta de infraestrutura, habitação adequada, acesso à saúde, educação, emprego e lazer. “São violências invisíveis aos olhos do poder público e da sociedade em geral, essas pessoas estão alijadas de seus direitos e isso é a base da violência urbana que nós conhecemos”, disse Ruth que afirmou ter um compromisso com o transporte integrado na cidade e que assinou convênio para a construção de uma ciclovia de 3 km que irá de São Mateus à Tomazinho, com promessa de abrir licitação em breve.
Confira agora o que foi debatido em cada Grupo de Discussão:
GD 1 – Valorização da vida e políticas de prevenção à violência
GD 2 – Mobilidade Urbana – Transparência, controle social, tarifa e passe livre
GD 3 – Parques Públicos e plano diretores: Como construir uma cidade para viver?
GD 4 – Resíduos Sólidos – Reabertura dos lixões e coleta seletiva
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