A necessidade de construir um espaço de discussão com a sociedade civil e incidir politicamente, a partir das questões de racismo ambiental e injustiça climática no município de Magé, foi uma das motivações para a construção do FOMA, o Fórum Climático de Magé. Pautar a justiça climática no território é urgente e o coletivo está na linha de frente, debatendo sobre os impactos das mudanças do clima no município.
Fundado em 2022, idealizado pela gestora ambiental Carla Lubanco ao lado de outros jovens, o coletivo promove discussões em prol da justiça climática e realiza formações para a população de Magé. As atividades são construídas em rede, em parceria com coletivos e representantes de movimentos sociais locais.
Em entrevista para a Casa Fluminense, Thaisa Marins, integrante da coordenação do FOMA, além de compartilhar um pouco da história do Fórum, falou também sobre o trabalho que o projeto desenvolve no território.
Construindo consciência climática em Magé
O FOMA, que está no seu segundo ano de apoio através do Edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense, realizou o primeiro Fórum Climático de Magé em janeiro de 2023. Durante o evento, os participantes construíram coletivamente uma carta-manifesto, que teve a participação de cerca de 23 organizações que atuam a favor da justiça climática no município.
Além da construção do Fórum, esse ano o coletivo expandiu suas ações e promoveu oficinas voltadas para a formação da sociedade civil e representantes de movimentos sociais. Também participaram de diversos movimentos que, em rede, pensam a Região Metropolitana do Rio de Janeiro pautando e construindo políticas a favor da justiça climática.
Formar novas lideranças é uma iniciativa essencial para expandir os ideais do projeto, que busca impactar a consciência socioambiental no território, promovendo uma vivência consciente aos moradores da região. “Um dos grandes objetivos do FOMA é impactar a realidade mageense, transformando a cidade em um espaço onde todos vivam de forma íntegra e consciente”, disse Thaisa.
A realidade climática no território
O município de Magé apresenta desafios que demandam ações efetivas da gestão pública para a mitigação dos impactos da crise climática e adaptação do território. Apesar do Painel Climático, ferramenta elaborada pela Casa Flu, informar a presença de um plano de saneamento no município, a realidade do território mostra a falta de efetivação desse e de outros planos.
Segundo o Mapa da Desigualdade 2023, no município de Magé apenas um em cada cinco moradores possui acesso regular à água no município. Questões críticas como o abastecimento de água, episódios de calor extremo e desastres climáticos relacionados a fortes chuvas tornaram-se parte rotineira da vivência da população mageense.
Esses dados ressaltam a urgência climática da população, e reforça a importância de iniciativas como o Fórum Climático de Magé, que busca não apenas debater, mas também incidir politicamente sobre as questões de racismo ambiental e injustiça climática na Baixada Fluminense.
O trabalho de mobilizar a sociedade civil, promover discussões relevantes e oferecer formações fazem parte das estratégias do Fórum para que a construção do seu trabalho continue se expandindo pela região. “Formar novas lideranças é um projeto de expandir as ideias do FOMA”, afirma Thaisa.