No mesmo dia que a organização Redes da Maré lançou seu mais recente Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, que reúne dados coletados entre janeiro e dezembro de 2017, através de uma equipe de pesquisadores que acompanhou cotidianamente as ações no campo da Segurança Pública, mais uma criança foi morta na comunidade pelas mãos incompetentes do Estado do Rio de Janeiro. Seu nome? Jeremias Moraes, de 13 anos. Um brasileiro com todo o futuro pela frente.
Um alerta foi emitido alertando para as “ocorrências policiais” na região. Na verdade, houve, por cerca de 14 horas, um intenso tiroteio provocado pelo confronto entre forças policiais e grupos civis armados, que colocou em risco a vida de mais de 140 mil moradores das 16 favelas que compõem a Maré.
No segundo dia de aulas da Rede Municipal de Ensino, mais uma vez, 40 das 44 escolas situadas na Maré ficaram fechadas. Postos de saúde e o comércio local também não abriram as portas. As pessoas não puderam sair para o trabalho. As vidas ficaram paralisadas e o medo, a angústia e o terror tomaram conta das ruas da Maré. Qual o custo disso para a vida da população e para o Brasil ao longo dos anos?
De acordo com o Boletim, em 2017 ocorreu uma operação policial a cada nove dias no território, totalizando 41. A cada nove dias morre uma pessoa na Maré em decorrência de confrontos armados. As operações policiais ocasionaram 45 dias de atividades suspensas nos postos de saúde, 35 dias de escolas fechadas – o que equivale a 17% do ano letivo e 78% das vítimas possuem de 15 a 29 anos, ou seja, é o futuro de uma nação sendo dizimado.
É lamentável que a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro se limite a emitir uma nota alertando para a paralisação das vias expressas, e se cale diante da violência que matou mais uma criança. O correto seria que a Prefeitura e o governo do Estado viessem a público e reconhecessem, cada um de acordo com suas responsabilidades, os equívocos da política de segurança e a ideia das “guerras as drogas” que apenas legitima o genocídio da população pobre, negra e favelada.
Com informações do manifesto Mais do Mesmo.
Baixe aqui o Boletim Direito à Segurança Pública na Maré.