No Recôncavo da Baía de Guanabara, em Magé, o coletivo Mulheres Guardiãs da Guanabara une tradição e inovação na busca pela valorização da cultura alimentar local e promoção de práticas sustentáveis. Idealizado em 2019 por Jandira Oliveira, pescadora, artesã e produtora rural, o coletivo reúne mulheres do território do Estância Eldorado, promovendo oficinas e práticas que resgatam conhecimentos ancestrais de aproveitamento de alimentos e incentivam o consumo sustentável.
O município de Magé enfrenta desafios raciais, econômicos e climáticas extremos, que gera uma urgência no debate e soluções para o território. Com 67% dos domicílios em áreas de alto risco de inundação, e as mulheres negras 75% das mulheres negras vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza, segundo dados dos Perfis Municipais da Casa Fluminense.
Nesse contexto, onde também está localizado o Museu Vivo da Agroecologia, o coletivo Mulheres Guardiãs da Guanabara surge como uma solução apresentada pela sociedade civil, unindo mulheres que buscam enfrentar esses desafios a partir da valorização de seus saberes e da construção de alternativas sustentáveis. “O que nossos avós comiam, como tapioca, cuscuz e rapadura. A gente veio falar sobre esses alimentos e a potência nutricional desses alimentos”, compartilha Jandira.
Entre as atividades realizadas pelo coletivo estão as oficinas de reaproveitamento de alimentos que preparam pratos nutritivos e criativos, como purê de biomassa de banana verde, carne moída de casca de banana e geleias caseiras. “Nós estamos trazendo essa cultura alimentar não só porque é a nossa cultura, mas porque é muito nutritiva e muito gostosa”, compartilhou a liderança sobre as técnicas alimentares que elas ensinam.
Ao resgatar tradições alimentares o coletivo promove o cuidado com o meio ambiente, contribuindo para um futuro mais sustentável, e reforçando o papel de lideranças sociais como protagonistas na construção de alternativas mais justas e menos desigual. Com o apoio do Edital Agenda Rio 2030, do Fundo Casa Fluminense, o projeto conseguiu fortalecer suas ações, realizando mais oficinas voltadas para lideranças e outros coletivos do território, difundindo suas técnicas e saberes sobre alimentação sustentável.
Jandira, contou como o apoio foi fundamental para conseguir realizar essas atividades: “Eu fico muito grata de ter tido o fomento do Edital, com o apoio preparamos melhor nossa cozinha com equipamentos para receber outras pessoas e organizações que estão se aproximando do nosso trabalho”.
As Mulheres Guardiãs da Guanabara, que foram um dos projetos apoiados pelo Edital Agenda Rio de 2024, são um exemplo de como as ações desenvolvidas por lideranças da sociedade civil podem transformar realidades ao alinhar tradição, justiça climática e tecnologia social. Mostrando que práticas simples como o reaproveitamento de alimentos, têm o poder de fortalecer laços, preservar a memória do território e projetar um futuro mais sustentável.