Três pré-candidatos à Prefeitura do Rio assinaram compromisso público com a Campanha Rio 2017, lançada na noite desta terça-feira (26), no Teatro Rival, por 50 organizações da sociedade civil do Rio e do Brasil. A Campanha tem como objetivo defender uma agenda de universalização do acesso a direitos e oportunidades, aprimoramento da gestão pública e desenvolvimento sustentável no Rio pós-Jogos. O deputado federal Alessandro Molon (Rede), os deputados estaduais Carlos Osório (PSDB) e Marcelo Freixo (PSOL) comprometeram-se com a pauta defendida; prometeram apresentar planos de metas no início do mandato indicando como pretendem torná-la realidade; e a implantar mecanismos de monitoramento e participação social ao longo dele. Mais de 400 pessoas participaram do lançamento da Campanha, entre membros da sociedade civil, ativistas e políticos.
Os pré-candidatos a prefeito da capital Marcelo Crivella (PRB) e Índio da Costa (PSD) enviaram como representantes os futuros candidatos a vereador Luiz Salomão (PRB) e Carlos Portinho (PSD), respectivamente. Thomaz Pelosi (Partido Novo), pré-candidato a vice-prefeito, também participou do evento. Vinte futuros candidatos a vereador estiveram no encontro. Todos se comprometeram a avaliar os materiais e a Declaração de Compromisso da Campanha. O conjunto de documentos foi enviado a todas as pré-candidaturas anunciadas e a busca pela abertura de canais de diálogo seguirá até outubro, nos 21 municípios que compõem a metrópole fluminense.
Mesa de abertura com Pedro Strozemberg, do ISER, e Luisa Parente, do movimento Atletas Pelo Brasil: “Defendemos o direito ao esporte, que é desenvolvimento humano e social, saúde, educação e cultura. Trazemos a força dos atletas se unindo para potencializar este pleito”.
Promovida por uma rede de organizações com histórico de ação no Rio e no país, a Campanha parte da construção conjunta da Agenda Rio 2017. Fruto de entrevistas com atores de referência na cidade, fóruns para formulação de políticas, levantamento de dados e estudos, a Agenda traz propostas para os principais desafios do Rio nos próximos anos: da mobilidade à Baía de Guanabara; do saneamento à segurança pública; da inovação econômica à ampliação da participação e transparência na gestão. A Agenda Rio está disponível no www.agendario.org e o conjunto de materiais da Rio 2017 pode ser visto aqui.
“É preciso expandir a agenda pública do Rio no tempo e no espaço, além das datas mágicas de 2014 e 2016 e além do eixo da capital, para a cidade metropolitana, composta de 21 municípios”, afirmou José Marcelo Zacchi, coordenador-geral da Casa Fluminense, durante a apresentação da Agenda Rio 2017. A Casa se propõe a articular atores da sociedade civil para formulação e defesa de políticas públicas com foco em redução de desigualdades, aprofundamento democrático e desenvolvimento sustentável no Rio inteiro. A organização conduziu o processo de elaboração da Agenda e está coordenando as atividades da Rio 2017.
José Marcelo Zacchi, coordenador-geral da Casa Fluminense: “o futuro do Rio pós-Jogos é uma página em branco. Devemos olhar pra ela e encarar o desafio de enfrentar as desigualdades e produzir um horizonte democrático”.
Após rodada de apresentação das organizações parceiras, cada candidato teve dez minutos para expor suas propostas para construção de um Rio mais justo, democrático e sustentável. “Fui secretário de Transportes da capital e não havia interlocução nem articulação entre os 21 municípios. Não há a menor possibilidade de cuidar de transportes e mobilidade pensando unicamente na capital. Se me perguntassem se eu conhecia o secretário municipal de São João de Meriti, diria que não”, afirmou Carlos Osório. “Não somos uma ilha e só seremos bem-sucedidos se entendermos que o nosso destino é metropolitano”, disse o pré-candidato tucano a respeito do desafio da gestão integrada.
Para Marcelo Freixo, a Prefeitura do Rio deve liderar a implantação de uma política metropolitana que atenda aos problemas não só da capital. “É inimaginável pensar que 3,4 milhões de pessoas entram em um ônibus por dia no Rio de Janeiro. É um Uruguai! A Fetranspor faz o que quer: elege prefeito, governador, deputado, vereador”, disse Freixo. Ele criticou a falta de transparência da prefeitura atual e defendeu a participação da gestão municipal em segurança. “Quando se investe em cultura, se iluminam as praças, há encontro de pessoas, e a cidade fica mais segura. Tem de misturar as pessoas nas ruas e praças. A cidade mais segura garante direitos”, defendeu ele.
Segundo Molon, o Rio vive um momento “dramático”, e a conta das Olimpíadas chegará em 2017, com “ressaca” e desemprego. “Quero me comprometer não só com os três eixos e 12 pontos, como também com o Instituto Ethos, Cidades Sustentáveis e com o Atletas pelo Brasil. Queremos abraçar essas propostas como nossas”, afirmou. O deputado federal defendeu que o Rio pode ser tornar a “capital da sustentabilidade”.
A Campanha Rio 2017 segue até as eleições municipais no mapeamento de candidaturas e envio de documentos. Estão planejadas também ações para a disseminação pública dessa visão ampliada de Rio. Durante as Olimpíadas, painéis espalhados pela metrópole vão apresentar as propostas dos parceiros em praças públicas. Terminados os Jogos, as lentes apontadas para o Rio olímpico serão deslocadas para o Rio inteiro: ativistas vão fazer o percurso Japeri–São Gonçalo de bicicleta, visitando parceiros e espaços coletivos, registrando equipamentos públicos e o cotidiano da cidade metropolitana no trajeto.
A circulação continua em setembro, com diálogos entre sociedade civil e candidatos às prefeituras e câmaras de vereadores nos demais municípios da metrópole. Organizações de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São Gonçalo e outros vão apresentar suas demandas e cobrar compromissos com a gestão inclusiva e transparente.
A Rio 2017 está aberta à adesão de novas organizações, cidadãos, candidatos, veículos de mídia e de todos que desejem contribuir para o debate eleitoral e o fortalecimento da cidadania na construção da agenda do Rio inteiro.