Passou a valer ontem (09/02) o novo reajuste da tarifa dos trens, de R$5 para R$7,40. Com um aumento de 48%, a passagem do estado do Rio de Janeiro, que já era a mais cara do país, se torna um desafio ainda maior para quem depende do transporte diariamente. Em um contexto em que o reajuste no salário mínimo foi de apenas 9%, a sociedade civil tem ido às ruas lutar contra mais esse aumento. A coordenadora executiva da Casa Fluminense, Larissa Amorim, comenta sobre o ciclo de reajuste e descaso no serviço de trens.
“Todo início de ano precisamos nos mobilizar contra o aumento das passagens, que sempre chega primeiro que as melhorias no serviço. A população não pode pagar pela má gestão da concessionária muito menos pela falta de fiscalização e cobrança do poder público”, afirmou Larissa.
A Casa Fluminense junto com Observatório dos Trens, Meu Rio, os movimentos estudantis organizados e outras instituições estiveram na Central do Brasil recolhendo assinaturas de passageiros contrários ao reajuste. Os trabalhadores também tiveram espaço para dar seus depoimentos sobre a qualidade do serviço prestado pela Supervia. Esse material será documentado e entregue em uma denúncia formal encaminhada para o PROCON.
Tarifa nada social para um serviço nada organizado
Na semana passada, o governador Cláudio Castro havia anunciado a implementação de uma tarifa social, que manteria o valor de R$5 para passageiros cadastrados no bilhete único intermunicipal. Mas a falta de aviso prévio e estrutura para o cadastro fez com que passageiros enfrentassem filas gigantes nos terminais de atendimento do Bilhete Único.
A prestadora de serviços, Janete Monteiro, de 28 anos, é uma das passageiras que não conseguiu se cadastrar. Moradora do Jardim Primavera, em Duque de Caxias, a autônoma enfrenta todos os dias duas baldeações para chegar até o trabalho. Com o novo valor, Janete teria um aumento de gasto de cerca de cem reais a mais por mês só com passagem. Ela conta que a Supervia não consegue administrar nenhuma das frentes do serviço.
“São muitos atrasos, trens superlotados, intervalos irregulares e agora o preço da passagem, que já era muito pesado e vai ficar absurdamente mais caro. Isso gera muito cansaço, a Supervia presta um serviço péssimo no geral. Quando tento cadastrar o cartão sempre dá erro. Na minha opinião o que precisa mudar é a forma de administrar da SuperVia, é um serviço que deveria ser rápido e barato por ter quantidade de usuários e infelizmente não é isso que acontece. Quase todo dia temos um problema e ficamos sem locomoção para ir ou voltar para o trabalho”, desabafou a passageira.
O Movimento Supervia Aumenta Não está desde a semana passada mobilizando ações na Central do Brasil para conversar com a população e pressionar o poder público contra esse aumento de 48% nas tarifas. Em resposta, na última semana, o aumento havia sido adiado já que os passageiros foram pegos de surpresa com a mudança e necessidade de cadastro.
A campanha Supervia Aumento Não já recolheu mais de quatro mil emails de passageiros que foram enviados para o poder público. Sem uma resposta oficial do governador, o movimento agora quer formalizar uma denúncia junto ao PROCON. Para pressionar pela revogação do reajuste, denuncie e assine também o documento.