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Memória afroindígena e infância: conheça o trabalho do Instituto Hoju

Projetar novos futuros também é cuidar das crianças. Olhar para os pequenos com o respeito de quem reconhece neles os guardiões das memórias ancestrais é o que move o Instituto Hoju. Uma organização comunitária que se dedica a atividades socioeducativas, principalmente com crianças e adolescentes, na busca pela valorização da cultura negra e indígena.

O Instituto fica localizado na Mangueira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e é um dos projetos apoiados pelo Edital Agenda Rio 2030: tecnologias de bem-viver e direito à cidade, do Fundo Casa Fluminense de 2025. Atuando há mais de duas décadas, a partir sobretudo de mulheres, mães e educadoras, que promovem educação popular, arte e espiritualidade no território e seu entorno.

Kaka Portilho, uma das responsáveis pelo Instituto, foi atendida por eles ainda jovem, hoje faz parte da organização e está à frente de diversas atividades desenvolvidas por eles. “Nós somos uma instituição que está atuando desde 1998 fazendo trabalhos incríveis, onde pessoas como eu, que foi atendida pela instituição, hoje estão alcançando grandes espaços, porque a gente pode estar em qualquer lugar”, relembra a integrante.

O Hoju cultiva suas ações com as crianças como quem planta uma semente frutífera e espera com paciência, cuidado e fé a colheita que virá: a memória ancestral continuará viva. Entre as diversas atividades, estão cursos formativos, oficinas de percussão, rodas de oralidade, grafismo ancestral, reforço escolar e acompanhamento psicopedagógico e social.

O Circuito Terreiros, foi uma das realizações do Instituto, que levou o espetáculo “O Menino Omolu”, para territórios como Rocha Miranda, Campinho, Mangueira e Magé. A ação, além de levar para as crianças a oportunidade de assistir à peça teatral, também trouxe para elas a possibilidade de conhecer a história de Omolú. Contada por meio de músicas e brincadeiras, o espetáculo se torna um instrumento de fortalecimento da identidade para as crianças.

“A gente tira as peças teatrais de dentro dos grandes espaços e traz para o terreiro, alcançando as crianças negras e não-negras que têm a oportunidade pela primeira vez de ver um espetáculo. Esse traz a história de um orixá para o cotidiano de um menino, como uma forma de resgatar e transformar essa memória, protegendo as nossas crianças”, compartilhou Kaka Portilho.

Além do circuito, o AtabaKids, é outro projeto importante desenvolvido por eles que aprende o público de 7 a 13 anos e busca ensinar através do aprendizado do atabaque que ouvir o som do tambor é também escutar suas ancestralidades. Segundo Yasmin Oliveira, instrutora e integrante da equipe administrativa do Hoju, o projeto AtabaKids é: “um projeto muito bonito, onde a gente ensina cânticos e ritmos para as crianças. Algumas já entendem e têm base, outras não, e nisso a gente forma e explica o que é a cultura afro-brasileira e indígena. Esse é um projeto muito importante”, afirma a instrutora.

A missão do Instituto Hoju é promover consciência histórica, política e cultural afroindígenas. Mantendo seu compromisso com a educação, o bem-viver coletivo e a memória negra e indígena. Alinhados com a proposta de política pública de “Sistemas de Cultura e Memória”, presente na Agenda Rio 2030, que propõe o direcionamento de recursos de cultura com foco na proteção da memória do patrimônio material e imaterial da cultura, como os que o Instituto Hoju trabalha para se manterem plantando memórias, saberes e esperanças nas crianças que um dia contarão, com orgulho, as memórias que guardam e estão ajudando a escrever.

Atualmente, o Instituto Hoju vive nova fase, com o início da reconstrução da Casa da Vó Jacintha de Oliveira Ferreira, espaço simbólico e ancestral que foi condenado e demolido. O terreno, adquirido pelo Instituto, abrigará a creche Estrelas da vovó Jacintha e Maria, pensada para acolher as crianças com uma pedagogia negra e indígena, alimentação saudável e ambientes de cuidado coletivo.

“Queremos construir a nossa creche afroindígena, que vai falar para nós e sobre nós, mas para isso a gente precisa de um espaço e de ajuda para construir o nosso prédio”, compartilha Caca. Apoiar organizações como o Instituto Hoju também é uma forma de celebrar os mais novos e resguardar o futuro. Saiba como ajudar e acompanhe o trabalho do Instituto Hoju através das suas redes sociais: @institutohoju.

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