Empretecer a política, GIRO 2020 abre seus trabalhos com este horizonte

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Comunicação Casa
Data
13 de março de 2020

A população brasileira é composta majoritariamente por mulheres negras. Segundo o IBGE, o grupo representa 27% do contingente demográfico do país porém, quando olhamos para os cargos políticos não enxergamos isso. Dos 513 deputados federais, apenas 7 deles são mulheres negras. Olhando a nível estadual esse número não melhora, hoje temos 4 deputadas negras entre os 70 eleitos.

Os números não batem e, no primeiro encontro do GIRO 2020 foi debatido esse cenário e quais são os caminhos a serem seguidos para que os novos processos eleitorais consigam mudar esses dados. Para qualificar essa conversa, convidamos a arquiteta e urbanista, Tainá de Paula, co-presidente do IAB RJ e coordenadora Br Cidades Rio; e a internacionalista Tainah Pereira, que é articuladora do Movimento Mulheres Negras Decidem (MND).

Primeiro encontro Giro 2020 debateu papel das mulheres negras no debate eleitoral

O  tema “Reinventar as cidades: mulheres negras no debate eleitoral” foi o pontapé inicial dos encontros mensais que o GIRO 2020 irá promover.  O projeto é uma parceira entre a Casa Fluminense e a Fundação Cidadania inteligente. A ideia é criar espaços de diálogo sobre conteúdos propositivos e tendências articulação política que ajudem a qualificar o processo eleitoral do Rio de Janeiro.

Entre os pontos comuns de falas das duas palestrantes está a necessidade de se construir uma rede de conscientização sobre o voto em mulheres negras. A motivação para esse voto já têm crescido segundo a articuladora do MND, Tainah Pereira. Ela acredita que isso se deve à interseccionalidade que ronda a vida da mulher negra.

“É importante que a gente entenda que essa tendência do aumento de mulheres negras no circuito da política institucional não se deve apenas ao fato de ser o grupo majoritário demográfico do Brasil, mas sim porque as mulheres negras têm historicamente esse compromisso com uma visão estruturante do debate sobre políticas públicas. Isso se passa pelos eixos fundamentais da sociedade: gênero, classe e raça. É essa visão que faz com que as mulheres negras sejam uma alternativa ao processo de democracia que a gente tem hoje”, explicou a articuladora.

Empretecer o debate é um dos caminhos para se criar uma nova agenda para o Rio de Janeiro, e é isso que a arquiteta Tainá de Paula acredita. Durante o debate, ela falou também sobre a necessidade de se praticar uma escuta racializada na participação social, com a criação de espaços em que a população possa protagonizar as demandas. Segundo Tainá, as mulheres negras eleitas precisam estar atentas à necessidade de inversão da lógica de elaboração de agendas de propostas sem participação.

“Não podemos nos acomodar, precisamos construir perspectivas políticas em que as mulheres negras tenham formação para inverter a lógica dessa cidade, racializar as pautas e direcionar nossa escuta para regiões em que a agenda política de hoje não chega. O Rio hoje é comandado por e para pessoas da zona sul, o privilégio da cidade está dado”, alertou Tainá.

Muito além dos encontros mensais, conheça mais sobre a jornada do GIRO 2020

No final ano passado, a Casa Fluminense e a Fundação Cidadania Inteligente lançaram para a sua rede de parceiros o GIRO 2020, uma iniciativa para fortalecer a democracia antes, durante e depois das eleições. Com foco na capacitação de lideranças sociais e a interlocução com as candidaturas a partir de uma agenda propositiva, para Henrique Silveira, coordenador executivo da Casa Fluminense, o desafio deste ano será girar a política das cidades na direção certa.

“O giro na política das cidades aponta para duas questões centrais. A primeira é a priorização de uma agenda propositiva de políticas públicas que esteja comprometida com a redução das desigualdades. O segunda é incentivar a chegada de novos protagonistas nestas eleições, com destaque para mulheres, negros, jovens, lgbtqi+ e outros sujeitos das periferias”, afirma o coordenador da Casa Fluminense.

Para Ana Carolina Lourenço, coordenadora de incidência regional da Fundação Cidadania Inteligente, estamos vivendo período de fragilidade democrática com o avanço da extrema. “Neste contexto, o GIRO 2020 é uma experiência que acessa um conjunto de estratégias e táticas para contribuir com a mudança do cenário político do Rio de Janeiro. Acreditamos que é possível construir cidades melhores, com eleições melhores, mais monitoramento e uma sociedade civil protagonista no debate de políticas públicas”.

Ana Carolina Lourenço foi a mediadora do 1º Encontro Giro 2020.

A agenda propositiva da inciativa será pautada pelo documento Agenda Rio 2030, produzido pela Casa Fluminense, e que está em processo de atualização de seu conjunto de propostas de políticas públicas. Para perseguir seus objetivos, o GIRO 2020 vai se articular por diferentes frentes. Para além do ciclo de encontros mensais, outras atividades vão fazer parte da jornada da iniciativa, tais como a formação para pré-candidaturas a vereador em maio e o laboratório de formação para lideranças sociais em julho.

Anote na agenda :: Próximo encontro mensal será no dia 28 de abril

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