Cerca de 120 pessoas estiveram presentes no lançamento do Projeto “450 jovens, 450 Rios”, do Pontão de Cultura da Agência de Redes para Juventude, neste sábado, no Memorial Municipal Getúlio Vargas, na Glória. Com a metodologia da Agência, o objetivo é formar e articular 450 jovens da cidade do Rio de Janeiro para liderar debates, performances, grupos de trabalho e campanhas de visibilidade por uma cidade menos desigual. No evento, foram apresentados os primeiros 45 participantes, que irão indicar outros 45 e assim por diante, até completar 450. A seleção vai até outubro.
Na primeira das duas mesas de debate, Gabriel Medina, secretário nacional de juventude, representou o poder público em diálogo com Hanier Ferrer (Agência de Redes) e Cleia Silveira (FAAP/FASE), com mediação de Marcus Faustini, fundador da Agência de Redes.
“O jovem da favela precisa ter condições iguais no exercício social, cultural e educacional”, afirmou Medina. “São os territórios mais potentes para criar linguagens e estéticas no país”, completou. Na sua fala, ele destacou ainda o extermínio de jovens negros, o sistema carcerário brasileiro, a participação do jovem nos processos de decisão governamental e o momento político do país.
Nas últimas semanas, o Congresso Nacional vem discutindo a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que reduz a maioridade penal de 18 anos para 16 anos. Além de bate-bocas e insultos entre congressistas, o debate provocou a reação de organizações da sociedade civil que defendem os direitos humanos. Grupos conservadores apoiaram a proposta nas redes sociais.
Gabriel Medina criticou a PEC: “Os políticos a favor da proposta querem encarcerar a juventude e criminalizar a pobreza”. Para ele, a saída seria investir em ensino de qualidade. Aumentar o tempo de permanência na escola, entretanto, não é a solução para todos os problemas: “Nem toda escola está preparada para receber o modelo de educação integral. É necessário pensar outras possibilidades culturais e de lazer para os jovens”.
Cleia Silveira, educadora popular e membro da ONG FASE, ressaltou que as soluções não estão apenas na mão do Estado: “O jovem é capaz de provocar mudanças por si só. Ele precisa se apropriar dos instrumentos que já existem e conquistar espaço de fala”. A ideia é compartilhada por Hanier Ferrer (Agência de Redes), que agrega: “O estabelecimento da ponte entre o jovem e o poder público não tem sido fácil”.
Marcus Faustini também ressaltou a necessidade de mudar o paradigma em relação à juventude das periferias. “Precisamos reposicionar o jovem da favela no jogo social. Essa é uma das missões da Agência”, afirmou.
Na segunda mesa, “Criando a rede de formação e articulação para o trabalho com infância e juventude”, participaram do diálogo Lia Baron e Guilherme Nascimento (Secretaria Municipal de Cultura), Emanuelle Borba (Espaço Cultural A Era do Rádio), Luana Pinheiro (Escola Livre de Cinema), Ana Paula Lisboa e Veruska Delfino (Agência de Redes), com mediação de Luciano Braga (Agência de Redes). Ao fim, o projeto “450 jovens, 450 Rios” foi lançado oficialmente.