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De Olho no Transporte 5 aponta o impacto na renda, no tempo e na saúde dos usuários de transporte público

Durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), a Casa Fluminense realizou o lançamento do relatório “De Olho no Transporte 5: Monitoramento cidadão por cidades respiráveis”, publicação que apresenta um monitoramento da mobilidade urbana da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, voltado à incidência em mudanças estruturais e emergenciais no transportes público da região.

O relatório foi lançado em dois momentos da COP 30. O primeiro, no dia 10 de novembro, aconteceu na Blue Zone, no Super Pollutant Solutions Pavilion, espaço oficial da Conferência, durante a mesa “Monitoramento cidadão para cidades respiráveis: a transição energética para ônibus mais acessíveis, limpos e seguros na RMRJ”, com participação de Luize Sampaio, coordenadora de informação da Casa Fluminense, Maria Clara Salvador, personagem do DOT e Analista de educação Climática do Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC), Tom Grylls da Clean Air Fund e Vitor Mihessen, coordenador geral da Casa Fluminense.

O segundo lançamento ocorreu no dia 13 de novembro, na Casa da Cidade, com participação de Larissa Amorim, coordenadora executiva da Casa Fluminense, Ruth Costa, da Coletivo ParáCiclo, Luize Sampaio e Maria Clara Salvador, em um evento aberto ao público, fora da zona oficial, que buscou ampliar o diálogo com a sociedade civil e fortalecer o debate sobre mobilidade urbana e justiça climática.

Produzido desde 2020, o De Olho no Transporte chega à sua quinta edição com uma importante mudança de abordagem, que agora tem o foco no olhar de quem vive o transporte público diariamente. O relatório monitora o impacto do processo de combustão durante as viagens, que libera poluentes nocivos à saúde, além de analisar a insegurança, o custo de tempo e dinheiro que os passageiros gastam para se deslocar na segunda maior metrópole do país.

A coordenadora de Informação da Casa Fluminense, Luize Sampaio, destaca que o DOT buscou colocar o passageiro no centro do debate sobre mobilidade e transição energética, aproximando o diagnóstico da realidade vivida nas periferias e favelas. “Quando decidimos olhar para os passageiros, olhamos também para sua saúde e para a saúde da própria cidade. Este relatório nasce do cruzamento entre três eixos fundamentais: saúde, transporte e clima”, compartilha a coordenadora.

O monitoramento foi realizado a partir de quatro personagens acompanhados pela Casa Fluminense durante quatro semanas. Entre os perfis observados estão: uma estudante da Baixada Fluminense que se desloca diariamente até a Zona Norte do Rio; um motorista de ônibus morador da Zona Oeste; uma diarista que circula por diferentes pontos da cidade para trabalhar; e uma mãe solo que precisa conciliar seus trajetos e os do filho de 7 anos.

No relatório é possível identificar o impacto do atual modelo de transporte público na vida de quem depende dele todos os dias. Entre os dados levantados, está a realidade de Cristiane, a diarista monitorada para a publicação, que gastou mais de 50 horas em uma semana apenas com deslocamentos, o equivalente a mais de dois dias inteiros dedicados exclusivamente ao transporte. Além disso, há os impactos financeiros gerados pelos altos custos da passagem, de saúde pelo contato constante com os gases poluentes emitidos pelos ônibus da metrópole, e da insegurança de precisar passar tantas horas sozinha no transporte público.

“10% de todos os casos de importunação sexual registrados na Região Metropolitana do Rio aconteceram dentro de um transporte público. E o que mais choca, além do recorte racial, é o recorte de idade e profissão. Quase 30% das vítimas eram estudantes e quase 20% eram menores de idade. É impossível falar de mobilidade sem falar sobre o impacto disso na vida das pessoas”, explica Luize Sampaio.

O transporte público é um setor importante no processo de transição justa, na redução das desigualdades e na construção de cidades mais seguras, sustentáveis e resilientes. O relatório chama atenção para o fato de que, além de ser o único direito constitucional que a população precisa pagar para acessar, o transporte público ainda é um dos setores que mais contribui para a emissão de gases de efeito estufa. Atualmente, a RMRJ é responsável por 10% das emissões do setor de transportes do país.

Segundo dados do Cobradô, plataforma de monitoramento da Casa Fluminense, os moradores da RMRJ comprometem, em média, 10% da renda mensal apenas com passagens, um percentual que representa um grande obstáculo para famílias de baixa renda e evidencia a urgência de repensar o modelo tarifário e energético vigente. Essa desigualdade impacta diretamente a qualidade de vida, o tempo de lazer e o acesso a oportunidades de trabalho e estudo, aprofundando as desigualdades urbanas e ambientais.

O De Olho no Transporte é mais do que um relatório de monitoramento, é uma ferramenta de incidência e compromisso da Casa Fluminense com a luta por um novo modelo de mobilidade urbana. Um modelo que promova a transição energética e garanta acesso, segurança e qualidade no transporte público. A luta é por um sistema baseado no triplo zero: zero mortes, zero emissões e zero tarifa.

Acesse a nova edição do relatório De Olho no Transporte e monitore com a gente o cenário da mobilidade na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

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