A responsabilidade de formar lideranças em políticas públicas, de favelas e periferias do Rio, comprometidas com o enfrentamento às desigualdades e a melhoria dos seus territórios, é o que move ano a ano a Casa Fluminense a entregar a melhor edição do Curso de Políticas Públicas (CPP). A edição de 2024 se tornou um marco, como a primeira turma composta 100% por pessoas negras e indígenas. A Casa assumiu o compromisso de aprofundar ainda mais os debates trazidos em cada aula.
“Esse processo do curso da Casa fluminense contribuiu para entender o quão importante é a gente fortalecer as nossas redes, nossos afetos, para gente conseguir construir políticas públicas”. A fala feita por Ian Silva, integrante do Coletivo Enegrecer e um dos alunos do CPP esse ano, traduz a importância de oferecer para essas lideranças um lugar de formação e aprendizado, mas também um espaço de acolhimento e construção de redes.
Depois de quatro meses de aulas e trocas impulsionadoras, foi finalizada a 9ª edição do curso com 32 lideranças formadas. A turma foi composta majoritariamente por mulheres, além da participação de pessoas LGBTQIA+, moradores de periferias e favelas da Baixada ao Leste da metrópole. Para Paola Lima, coordenadora de mobilização, equipe da Casa responsável pela construção do Curso, o maior desafio deste ano foi a diversidade territorial dos participantes.
“O principal desafio certamente foi lidar com a diversidade territorial, acessibilizar a mobilidade de pessoas de diversos territórios da metrópole do Rio para chegar às aulas não é uma tarefa trivial, mas a turma desse ano foi bem entrosada, o que foi um ponto muito importante para enriquecer as trocas entre os territórios”, compartilhou Paola.
O curso foi dividido em 3 ciclos: Rio em formação; Democracia e participação social; e Políticas setoriais. Com aulas que contaram desde o desenvolvimento do espaço urbano da metrópole, a geração cidadã de dados, tarifa zero e política de cuidado. Entre outros temas direcionados pelas justiças de gênero, econômica, racial e climática.
Para a Casa, é importante que as lideranças ocupem a metrópole, e o curso buscou promover o intercâmbio de saberes dos territórios. As aulas externas do Circuito Aldeia Marakana e Circuito Herança Africana foram momentos de encontro dos participantes do CPP com os conhecimentos sociais e ancestrais presentes na história indígena e africana na formação do Rio de Janeiro.
Ana Kariri, liderança indígena e aluna dessa edição, compartilhou o que representou para ela participar do curso: “É pensar futuro para nós povos indígenas. Se o futuro é ancestral, precisamos estar dentro de lugares e instituições comprometidas, como a Casa Fluminense”.
O CPP, que já formou mais de 300 lideranças de várias partes da metrópole do Rio, vem a cada ano construindo um espaço ainda mais interseccional, que seja comprometido com diversos perfis de lideranças e que espelhe o que a Casa Fluminense sonha como possibilidade de futuro para a metrópole.
Medir o impacto do Curso na vida dessas lideranças não é uma tarefa fácil, mas é visível o quanto os alunos saem do CPP com uma perspectiva ampliada sobre a metrópole e seus próprios territórios. Isso se reflete na construção de tantos projetos, organizações e iniciativas que surgiram através das aulas, como o Instituto BXD, por exemplo. Entre outros projetos, que inclusive foram aprovados no Edital Agenda Rio 2030 deste ano.
Mais do que um espaço de formação, o Curso de Políticas Públicas, é um lugar de construção de redes. Os alunos que se formaram, passaram a fazer parte da Rede de Lideranças, um canal de comunicação e articulação direto com a Casa e outras lideranças da região metropolitana do Rio Por isso, acreditamos que o encerramento do Curso é só o começo de uma longa trajetória da Casa ao lado dessas lideranças.