Em Niterói, no leste da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o projeto Contos de Guia transforma a relação de crianças e adolescentes com sua cidade e suas origens. Por meio do roteiro “decolonizando a cidade: afroturismo em Niterói”, a iniciativa busca resgatar a memória negra do município.
Idealizado pelas turismólogas e guias de turismo Joyce Braga e Cathiane Santos, o projeto alia turismo histórico-cultural e educação, resgatando narrativas afro-brasileiras e indígenas de Niterói, que não estão nos livros escolares. Com roteiros guiados pela cidade, elas atendem crianças da rede pública, fazendo com que possam conhecer narrativas que não são contadas principalmente nas escolas.
Em um município onde a média da diferença salarial entre brancos e negros é de R{{%%ltplaceholder%%}}nbsp;545, uma das mais altas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro; com 78,8% de negros em situação de rua, segundo dados do perfil municipal de niterói, produzido pela Casa Fluminense; o “Contos de Guia” se torna prática de valorização e reconhecimento das contribuições negras e indígenas para a história local.
“Essas crianças e adolescentes têm a oportunidade de saber da história escondida da cidade de Niterói, a história que não é contada nos livros, que o nosso roteiro tem a intenção e compromisso de resgatar”, conta Joyce Braga.
Os passeios guiados pelo centro da cidade, destacam marcos da cultura afro-brasileira e indígena, terminando com uma palestra sobre letramento racial, ministrada pela professora Ludmila Gonçalves. “A professora Ludmila ensina as crianças sobre o é racismo, discriminação e sobre estratégias e formas de combatermos essa violência”, explica Joyce.
Alinhado à prioridade de “Sistema de Cultura e Memória” da Agenda Rio 2030 e a preservação da cultura negra da cidade, o “Contos de Guia” é mais do que uma ação turística; é uma ferramenta de valorização e transformação social. Ela propõe um novo olhar sobre o passado e o presente do município de Niterói, reforçando a importância de resgatar memórias em um cenário marcado por desigualdades.
O projeto é um dos apoiados pelo Edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense deste ano, que fomentou iniciativas alinhadas com as justiças de gênero, raça, econômica e climática, construindo uma metrópole menos desigual.