Nas ruas do bairro que dá nome a sambas e é palco do baile charme mais famoso da cidade, atua o Coletivo Nacional de Juventude Negra – Enegrecer. Formado por jovens negros comprometidos em promover soluções locais, o coletivo atua com urbanismo social, ocupação de moradias populares e na valorização da história e memória de Madureira, bairro da zona norte da cidade do Rio.
Na capital, 54,3% da população é negra, e mais da metade da população quilombola e indígena da Região Metropolitana está localizada na cidade do Rio, segundo dados dos Perfis Municipais produzidos pela Casa Fluminense. Apesar da presença negra e indígena, valorizar e preservar a memória desses povos e comunidades ainda é um desafio cultural, atravessado pela falta de política, plano e investimento.
Em parceria com o Núcleo de Estudos e Extensão sobre Grafia e Herança Africana (Negha), o coletivo Enegrecer está desenvolvendo o Grafias Negras, que busca superar essas barreiras. Essa colaboração deu origem ao projeto “Territórios Negros – cartografia social do bairro de madureira”. Yan Silva, estudante de geografia, participante do Enegrecer e do Negha, compartilha sobre a iniciativa, que afirma Madureira enquanto uma Pequena África, fortalecendo a história e memória do bairro.
“Nosso intuito com essa ligação do Enegrecer e do Negha é que a gente consiga utilizar dos conceitos que vem sendo discutido na geografia para reafirmar as grafias de territórios enquanto pequenas áfricas. E Madureira é um território de grande engrandecimento para essa reafirmação de também ser uma Pequena África no Rio de Janeiro”, conta Yan.
O projeto vem sendo pensado desde 2023, e, neste ano, selecionou 38 jovens para participar do processo que busca reconhecer as grafias negras de Madureira e cartográfa-las. A partir de rodas de conversas, oficinas, trabalho de campo e construção de informação com a geração cidadã de dados, o “Territórios Negros” pretende reafirmar a afroperspectiva de Madureira, reconhecendo o bairro enquanto uma Pequena África.
A iniciativa é uma das apoiadas neste ano pelo Edital Agenda Rio 2030 do Fundo Casa Fluminense, que busca fortalecer projetos liderados por pessoas negras, faveladas e periféricas, que promovam soluções e iniciativas para seus territórios. “O Fundo Casa tem ajudado a gente a criar esse projeto que vem sendo pensado desde 2023, com o intuito de formar os agentes a partir dos elementos da cartografia social junto da geração cidadão de dados e assim a gente consiga criar e discutir métodos, construir políticas públicas, reconhecendo as grafias negras nesse território”, compartilhou Yan.