Atenção à gestante está na pauta dos concorrentes ao cargo no Palácio Guanabara
Rio – Diante do número alarmante de mortes maternas na Baixada Fluminense, revelado pelo DIA de domingo, com levantamento da Casa Fluminense, os candidatos a governador concordam em um ponto fundamental: é indispensável que o governo do estado apoie os municípios para melhorar a atenção básica à gestante.
De acordo com o levantamento da Casa Fluminense, em dez municípios com população maior que 80 mil habitantes, a média de 94,5 mulheres mortas, a cada 100 mil bebês nascidos vivos, é cinco vezes maior que o tolerado pela Organização Mundial da Saúde, de 20 por mil. O número de mortes maternas na Baixada Fluminense é 35% maior que o registrado no município do Rio de Janeiro.
O candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB), promete investir mais em Clínicas da Família e em hospitais especializados. Anthony Garotinho (PR), defende que o estado assuma os hospitais da Baixada e aumente as verbas acima do teto constitucional, de 12%. O senador Marcelo Crivella(PRB) vai priorizar o programa de saúde da família e fortalecer os conselhos municipais de saúde. E Lindberg Farias (PT)quer melhorar os serviços de ginecologia e planejamento familiar, além de apoiar o pré-natal nas Clínicas de Família.
Pezão
“Quero dizer que eu sou favorável à vida. Acho o aborto uma violência. As mortes recentes evidenciam isso. No nosso governo, vamos cuidar para que a mulher seja mais amparada. Não podemos deixar de olhar o problema das mortes maternas, que têm no aborto uma de suas causas. Ela mostra o desamparo de mulheres que não são orientadas para o trabalho de pré-natal. Por isso, um dos caminhos é investir na atenção básica, com as Clínicas da Família, que podem ajudar no encaminhamento das gestantes para um atendimento adequado.
E também avançar na construção de unidades como o Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, referência no estado, com 52 leitos de internação, dez leitos individuais para antes do parto, 11 enfermarias, 29 leitos de unidade intermediária neonatal, 20 leitos de UTI neonatal, dez leitos de UTI para adulto, além de 13 consultórios. Junto ao hospital, fizemos a Casa da Mãe, um espaço para mães com bebês internados. Esse assunto merece nossa maior atenção, porque diz respeito à vida. E com isso não se brinca.”
Garotinho
“Acredito que o atual cenário de alta mortalidade materna ocorre por falta de investimentos nos hospitais da Baixada Fluminense e também pelo baixo valor das verbas destinadas aos municípios. Chegamos a esse ponto por causa do descaso das autoridades com os hospitais da Baixada, que eu tenho denunciado por diversas vezes. A saída é o governo do estado assumir a administração desses hospitais.
É a única maneira que eu vejo para a solução definitiva do problema. Tem município na Baixada Fluminense que não tem nem maternidade. As crianças nascem em outro município. Paracambi, por exemplo, não tem maternidade e os bebês nascem em outra cidade. A saída é o estado colocar de fato o que determina a Constituição: pelo menos 12%. Mas eu defendo 14% do orçamento para a Saúde.
O governo atual gastou 5%. Com isso, será possível reabrir hospitais e priorizar as UTIs neonatais que salvam a vida das crianças, além de melhorar o acompanhamento de pré-natal, estruturando a rede básica de saúde de referência. O papel do estado não é fazer esse acompanhamento, mas ele pode entrar para coordenar e suprir essas carências.”
Crivella
“A pobreza e a precarização dos serviços públicos na Região Metropolitana é territorializada. Ou seja, a situação é pior em regiões como Santa Cruz e favelas da zona suburbana e periferia. A capacidade de pressão sobre a qualidade em áreas de classe média gera uma prestação de serviço público melhor do que nas áreas periféricas. Falta planejamento no governo do estado.
A área de saúde é das mais caras e mais complexas de gerir. Por este motivo, estabelecer um planejamento e uma atuação sistêmica é mais importante. Priorizaremos o programa de saúde da família e o fortalecimento dos conselhos municipais de saúde, visando ampliar a transparência e a qualidade dos serviços públicos. Faremos uma mudança de prioridades em termos dos gastos públicos setoriais.
Diminuiremos os gastos em publicidade, realocando-os para a área da saúde, principalmente para regiões onde os indicadores são piores, como a periferia Metropolitana. Fortaleceremos os consórcios intermunicipais de saúde e implantaremos a Agência Metropolitana para estabelecer uma relação de investimentos públicos, integrando prefeituras, governo do estado e governo federal.”
Lindberg
“Estas mortes maternas, que vitimam principalmente mulheres negras, retratam a falta de acesso ao sistema de saúde na Região Metropolitana e, principalmente, na Baixada Fluminense, que foi esquecida pelo atual governo. Esse é um problema de saúde básica, que deveria ter total atenção do governo. Temos que melhorar os serviços públicos de ginecologia, obstetrícia e planejamento familiar.
É necessário apoiar os municípios na ampliação da cobertura de pré-natal nas Clínicas da Família. O estado deve trabalhar pela ampliação do número de exames pré-natal, garantindo o retorno do resultado desses exames antes do nascimento dos bebês. Só com a avaliação dos exames é que se poderá garantir o acompanhamento adequado à gestante.
Além disso, casos de gestação de risco devem ser reencaminhados para hospitais com melhor capacidade. Também é preciso aumentar o número de vagas em maternidades e em UTIs neonatais, além de humanizar o parto e aumentar o cuidado à saúde da mulher, desde a preparação da parturiente até a realização do parto, minimizando as intervenções médicas que gerem efeitos nocivos à saúde da mulher.”