Quantas salas de cinema tem no seu bairro ou favela? Na metrópole do Rio, quase 50% das salas estão concentradas na zona sul do Rio, Grande Tijuca, Barra e Jacarepaguá. Se assistir ao filme já é um desafio para os moradores de periferia imagina conseguir produzir suas próprias obras, é dessa reflexão que surgiu a do curso “Pega a Visão”, produzido pelo coletivo Fala Akari. O projeto “Pega a Visão” é um curso de introdução audiovisual voltado para moradores da favela do Acari e comunidades ao redor. O fundador e coordenador da formação, Felipe Nunes, contou que esse é um projeto feito por e para quem mora na favela.
“A gente já tinha esse projeto no papel há bastante tempo, só que faltava dar o ponta pé e quando a Casa Fluminense abriu o edital a gente pensou que era a hora certa. O curso é uma introdução para a galera que quer aprender sobre esse mundo e nunca teve oportunidade, é uma formação periférica e afrocentrada. Ele é todo tocado por nós, não veio ninguém de fora nos ensinar como fazer, todo mundo que está envolvido no projeto é cria de Acari. É um projeto da favela para a favela”, resumiu Nunes.
O coletivo Fala Akari foi criado em 2015 com objetivo de denunciar os casos de violência causados pelo estado dentro da comunidade. Foi a partir de 2019 que o grupo começou a diversificar suas frentes de trabalho. O coletivo passou a organizar ações de apoio social, eventos culturais e fundou um pré-vestibular comunitário. Agora, o Fala dá mais um passo com a formação voltada para o audiovisual, o objetivo é buscar criar e se reapropriar das narrativas sobre a favela.
“Com o Pega a Visão, conseguimos alcançar novos rostos favela que vão agora fazer parte da linha de trabalho audiovisual do coletivo. Somos poucos, então formar uma nova galera para trabalhar com a gente é uma forma que encontramos para deixar viva a memória de Acari. A gente aqui tem muito fazedor de cultura e temos o movimento das mães de Acari, são muitas coisas acontecendo na nossa comunidade e queremos deixar essas histórias vivas ainda mais entre os moradores”, explicou o coordenador.
Além das aulas na sede do coletivo, os alunos também tiveram a oportunidade de realizar oficinas externas com profissionais do meio. Os organizadores do projeto afirmaram que novas turmas devem ser abertas para este ano. Para conhecer mais o trabalho do coletivo, acesse aqui.