A assistência social guiada pelos saberes ancestrais

Texto por
Comunicação Casa
Data
9 de abril de 2024

*Por Carín Nuru

Em Sepetiba, na extrema zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, fica localizado o Instituto Cultural Águas do Amanhã. Uma organização religiosa e social, que vem a mais de 5 anos, através dos saberes ancestrais, fazendo um trabalho de assistência, pedagogia e acolhimento de moradores vulnerabilizados, com a missão de visibilizar as demandas social, econômica e política da população de Sepetiba.

Nos territórios onde a política pública não chega, organizações como o Águas do Amanhã fazem o dever do estado e se articulam para que o acolhimento circule entre quem precisa. A Iyalorixá Roberta de Yemonja, gestora do instituto, compartilhou com a Casa Fluminense sobre a atuação do instituto no território de Sepetiba. Segundo Roberta, “O Instituto traz na sua missão, através do saberes das tecnologias ancestrais, tirar a população de Sepetiba da invisibilidade política, econômica e social”.

O Instituto realiza atividades com temas que partem da necessidade dos moradores do território, entre eles estão, a economia criativa, soberania alimentar, racismo religioso e pobreza menstrual. Essas são algumas das pautas que direcionam as atividades e debates realizados pelo Águas do Amanhã. Atendendo cerca de 140 famílias, com um olhar voltado especialmente para a demanda das mulheres do território, Roberta compartilhou um pouco sobre o trabalho realizado pelo Instituto.

“A prioridade do Instituto são as mulheres, e elas quando vêm para as ações trazem seus filhos. Nós temos toda uma equipe de professores, pedagogos que trabalham a educação antirracista com essas crianças e adolescentes. O nosso foco são mulheres, mas indiretamente nós começamos a atender seus filhos. Quando a gente consegue assegurar a alimentação dessa mulher, a gente está segurando a alimentação da sua família”, conta a Iyalorixá Roberta de Yemonja.

Para além dos muros

O Instituto nasceu no chão de um terreiro, forjado pelos saberes ancestrais. Inicialmente as ações do coletivo alcançaram prioritariamente mulheres que faziam parte do “Ilê Alaketu Ase Awom Omi Yemoja”. Como uma rede que se tece em crescimento, o trabalho do Instituto foi sendo compartilhado e começou a alcançar também a população do entorno.

Segundo Roberta, “O Instituto Águas do Amanhã começa como um coletivo só para as mulheres no terreiro, mas começamos a perceber a necessidade da população em torno do terreiro, e todas as nossas ações se tornam para além dos nossos muros”, conta a gestora. Compartilhamento e coletividade são saberes ancestrais e eles moldam as ações de organizações que, assim como o Águas do Amanhã, entendem as necessidades dos seus territórios e promovem soluções para combater as desigualdades que atingem suas populações. 

Foto: Lucas Linhares

Em 2023, o Edital Agenda Rio 2030, do Fundo Casa Fluminense, na intenção de apoiar iniciativas que garantam novos futuros para seus bairros e cidades, selecionou 25 projetos para receber o apoio de R$ 12 mil casa. Como um dos selecionados para fazer parte desse plano coletivo de construir um futuro mais justo a partir dos saberes sociais e ancestrais, Roberta compartilhou sobre a importância do Edital para o Instituto.

“A Casa Fluminense com esse apoio nos abre muitas portas, nos abre rede, nos abre a mente e faz a gente se enxergar como cultural, social e político”, conta a Iyalorixá Roberta de Yemonja.

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