Com lançamento das agendas locais e mais debates, Fórum Rio pautou territórios

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Texto por
Luize Sampaio
Data
27 de maio de 2022

O Fórum Rio 2022 promoveu o encontro entre lideranças de toda metrópole e também o pré-lançamento das novas agendas locais de Itaboraí, Realengo, Vila Kennedy e Magé. Somadas, as publicações já chegam ao marco de doze espalhadas pelo Rio de Janeiro. Foi com as falas das pessoas que produziram esse material e agora buscam incidir para colocar em prática suas ideias, que o evento foi iniciado. Já também com a nova Agenda Rio 2030 em mãos, o segundo dia de Fórum Rio discutiu justiça econômica e climática com a presença de atores políticos e territoriais. 

Representantes das agendas locais abriram o Fórum contanto sobre seus trabalhos.
(Foto: Elisângela Leite)

Painel Justiça Econômica, geração e transferência de renda

“Onde já se viu política social sendo feita por smartphone?”

Para pensar caminhos de otimizar políticas de proteção social, como a geração e transferência de renda, o Fórum trouxe para a mesa a jornalista econômica Flávia Oliveira; o cientista econômico e  professor da UFRRJ, Joilson Cabral; e o secretário de Cultura da cidade do Rio de Janeiro, Marcus Faustini. Um dos grandes diferenciais deste painel foi colocar o território como eixo principal na discussão de orçamento público, local e familiar.  Para isso, Flávia Oliveira apresentou um exemplo prático e real da necessidade desse olhar.

“A prisão do DJ Rennan da Penha desidratou a cadeia produtiva de toda a favela. Dos artistas as donas de salão de beleza que viram o movimento cair. Isso mostra duas coisas. Primeiro lugar, que muita gente sobrevive da cultura, o DJ era só a ponta desse iceberg. Além disso, mostra também que a decisão de consumir no próprio território pode mudar a vida de toda uma região”, explicou a jornalista. 

O próprio Fórum Rio 2022 mostra a potência da cultura na geração de emprego. Em dois dias de produção, o evento reuniu diferentes linguagens artísticas como: a música, dança e artes visuais. A coordenadora de operações da Casa e responsável pela produção do evento, Taty Maria, contou que o Fórum gerou cerca de 180 empregos diretos e indiretos.

“Importante pontuar o levantamento desse dado para que as pessoas entendam que o investimento feito no Fórum Rio, assim como em outros projetos culturais, significam mais acesso a oportunidades culturais e a geração e transferência de renda”, pontuou a coordenadora.

Com a mediação do coordenador geral da Casa, Henrique Silveira, os painelistas cobraram mais ações conjuntas entre os diferentes níveis de governo. Ou seja, pediram que as propostas de políticas públicas de transferência de renda sejam feitas olhando para a realidade do país mas também da metrópole, cidades, bairros e favelas.

 “Onde já se viu política social sendo feita por smartphone?”, sintetizou Flávia, relembrando que durante o pico da pandemia e crise econômica,  para ter acesso ao auxílio emergencial, a pessoa precisava baixar e acessar um aplicativo. 

Economia para e com o território marcaram o painel de justiça econômica.
(Foto: Elisângela Leite)

Cria de São João de Meriti, o economista Joilson Cabral trouxe para a conversa a realidade problemática da cadeia produtiva do estado. A nova Agenda Rio 2030 coloca o setor como estratégico para a retomada dos empregos em todo o estado, o professor de economia concorda. Na mesma linha, Cabral acredita que é preciso um adensamento da estrutura produtiva do Rio. 

“Precisamos complexificar nossas indústrias, não dá para a gente extrair óleo e gás e não ter refinaria, por exemplo. Mas é isso que acontece hoje, nossa matéria prima é levada para enriquecer outros estados. Sem essa mudança, vamos permanecer frágeis no mercado”, explicou Cabral. 

Professor Joilson Cabral discutiu a necessidade de adensar a cadeia produtiva do Rio.
(Foto: Elisângela Leite)

No eixo de Justiça Econômica, a Agenda Rio 2030 destaca como prioridade de governo as seguintes ações:

Painel Justiça Climática, transição e cidades sustentáveis

“O futuro é verde, jovem, preto, tecnológico” 

Na busca por espaços e serviços públicos de qualidade, o painel que encerrou o Fórum Rio questionou a falta de espaço para atividades sustentáveis dentro da Região Metropolitana do Rio. Essas ausências vão desde as lutas por preservação de espaços verdes, como também pelo direito ao transporte barato, seguro e limpo. Para dar conta de discutir todos esses elementos da cidade, a Casa convidou a vereadora da cidade do Rio e urbanista, Tainá de Paula; a produtora cultural e representante da Agenda Realengo 2030, Marcele Oliveira; e a analista de Mobilidade Urbana do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idec, Annie Oviedo.

Cria da Zona Oeste do Rio, a luta da Marcele é pelo Parque Realengo Verde. A área do seu bairro hoje virou um espaço de disputa entre moradores e a especulação imobiliária militar. Em umas das áreas mais quentes da cidade, o parque corre risco de virar um condomínio militar. Ela explicou mais sobre esse desejo que desencadeou também a produção da Agenda Realengo 2030

“Eu não quero um Parque Realengo Verde só por um desejo meu. Quero para gente poder narrar histórias diferentes para Realengo, para ter um lugar maneiro arborizado que dá para ir à pé. O futuro é verde, jovem, preto, tecnológico e a gente não pode vender o nosso futuro. Por isso, a gente não abre mão do parque”, declarou Marcele.

Marcele Oliveira apresentou a Agenda Realengo 2030 durante o Fórum Rio. (Foto: Elisângela Leite)

Em um tema com tantas agendas diferentes, a vereadora do Rio, Tainá de Paula, falou sobre a necessidade de sanar os problemas climáticos mais emergentes e cotidianos das cidades. 

“Eu me preocupo muito com as mudanças climáticas de todo o mundo, mas a minha atenção está nas minhas crianças da Maré que estão tomando banho no Canal do Cunha. As agendas de planejamento urbano precisam ter cor, CEP e CPF”, comentou Tainá. 

Vereadora Tainá de Paula foi uma das convidadas do painel de justiça climática.
(Foto: Elisângela Leite)

No eixo de Justiça Climática, a Agenda Rio 2030 destaca como prioridade de governo as seguintes ações:

Agenda Locais 2030: Nada de nós, sem nós


Em seu novo ciclo, a Agenda Rio 2030 serviu de inspiração para que movimentos e lideranças locais produzissem suas próprias publicações. Com pesquisas e propostas voltadas para os territórios, com apoio da Casa, já surgiram doze agendas locais que estão incidindo politicamente em Queimados, Itaboraí, Magé, São Gonçalo, Complexo da Maré, Vila Kennedy, Duque de Caxias, Santa Cruz, Japeri, Realengo, Belford Roxo e São João de Meriti.  Destas, nove já estão publicadas e disponíveis online, acesse.

Não conseguiu participar do Fórum Rio 2030, mas se interessou pelos painéis e debates? Assista na íntegra.

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