4º FÓRUM RIO – Mesa 5: Como enfrentar a crise hídrica a partir do território?

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Texto por
Comunicação Casa
Data
25 de março de 2015

Encaminhamentos da mesa:

 

 

 

O tema da crise hídrica e seu enfrentamento a partir do território rendeu diálogo rico em dados e em proposições em uma das mesas do 4º Fórum Rio, realizado neste sábado, em Senador Camará.

Para os debatedores, a distribuição desigual da água tem motivações políticas e econômicas, não naturais ou técnicas. A solução passa por transparência na gestão e participação social.

“A grande questão é econômica. A água não vai acabar, vai ficar mais cara”, afirma Felipe Coelho, professor de geografia e representante da SerCidadão, organização que oferece diversos cursos nas áreas de educação, cultura e esporte em Santa Cruz, zona oeste do Rio.

Segundo Felipe, a quantidade de água do Planeta Terra é a mesma há 270 milhões de anos. Ocupa 1,5 bilhão de km², sendo que 97% estão nos oceanos, 2,25% nas geleiras e calotas polares e apenas 0,75% é de água doce, de rios, lagos e vapor na atmosfera. Por outro lado, a população mundial, que era de dois bilhões de pessoas em 1927, ultrapassa sete bilhões em 2015.

O Brasil gasta cerca de 70% de sua água na agropecuária, entre 20 e 30% na indústria e apenas 12 a 17% para consumo do cidadão comum. Nos países desenvolvidos, a maior parte da água tende a se concentrar na indústria.

No município do Rio de Janeiro, estima-se que 27 a 32% da água para consumo individual seja desperdiçada, boa parte disto pela própria empresa pública responsável pela água e o esgoto (CEDAE). A falta de transparência nas contas e a baixa eficiência dos canais de participação dos cidadãos foram apontados pelo público como principais gargalos.

Para Gilmar Machado, historiador, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo e morador de São João de Meriti, afetada historicamente pela falta d’água, a urbanização e a ocupação do entorno de nascentes e rios prejudicam o ciclo natural: “Nós danificamos o ciclo hidrológico na parte terrestre. Na parte aérea, ele continua acontecendo normalmente”. E completa: “o problema não é da natureza, o problema somos nós”.

Para ele, a distribuição da água é desigual pelos territórios da metrópole, coincidindo com a desigualdade de renda, e que a falta de conhecimento da população sobre o assunto gera baixa participação. Por isso, o tema deveria ser tratado na escola desde os primeiros anos da educação fundamental.

Mauro Pereira, da organização Defensores do Planeta, argumentou que a água é necessidade básica e não deve ser mercantilizada. Em prol de uma sociedade sustentável, a UNESCO e a maioria dos especialistas defendem equidade no acesso a este recurso fundamental, priorizando o ser humano em detrimento dos negócios e do lucro. Neste sentido, apenas a conscientização e a participação social podem transformar o cenário de crise em várias partes do mundo, inclusive no Brasil e no Rio.

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