1º Encontro do Santa Cruz 2030 estimula participação no debate sobre agenda de desenvolvimento local

Texto por
Larissa Amorim
Data
9 de agosto de 2019

A partir das discussões sobre os 450 anos de um dos primeiros bairros do município do Rio de Janeiro, surge o Santa Cruz 2030 com a proposta de desenvolver um programa de desenvolvimento sustentável e inclusivo para a Região Administrativa de Santa Cruz — que compreende os bairros de Santa Cruz, Paciência e Sepetiba — para fortalecer as políticas públicas na região e enfrentar os desafios socioeconômicos. Um esforço coletivo de construir horizontes para o desenvolvimento mais inclusivo e sustentável a partir da revisão do passado e do diagnóstico dos desafios presentes.

Neste sentido, fomentar espaços de participação em Santa Cruz, Paciência e Sepetiba é o ponto de partida para a criação de uma articulação territorial mais ampla e verdadeiramente conectada com as principais demandas da região. Pensando nisso, em 20 de julho, foi realizado o 1º Encontro do Santa Cruz 2030 no Espaço Cultural A Era do Rádio, em Sepetiba. Primeiro de uma série de cinco encontros, a ideia é promover escuta e debate entre moradores, empreendedores, representantes de coletivos, movimentos, organizações sociais e empresas locais do distrito industrial para a definição das linhas de ação do Santa Cruz 2030. O quinto encontro será no Fórum Rio 2019, em 19 de outubro, na sede da SerCidadão, em Santa Cruz, para planejamento do lançamento do Santa Cruz 2030 em março de 2020, quando será realizada a entrega do plano de desenvolvimento com metas e diretrizes.

A iniciativa é da Casa Fluminense e da ONG SerCidadão, que desde 2017 vêm construindo uma governança e buscando investimentos sociais para financiamento de ações que atuem sobre a realidade socioeconômica da região e que sejam implementadas a partir de uma agenda comum, um plano de desenvolvimento territorial. Na etapa que antecedeu o ciclo de encontros, foram realizados reuniões de articulação com a AEDIN – Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz e Adjacências e as próprias empresas do distrito, e com a Firjan – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.

Para Pablo Ramoz, morador de Santa Cruz e articulador do projeto, o primeiro encontro, em Sepetiba, foi muito importante para o Santa Cruz 2030 entrar na fase de consulta aos grupos locais. “Foi uma oportunidade para reafirmarmos que existem iniciativas dispostas à construir um futuro de desenvolvimento sustentável focado na Zona Oeste, apesar do cenário socioeconômico extremamente desafiador. Começamos então a esboçar uma estrutura de atuação que identifica a cultura, o binômio trabalho e renda, a saúde e a educação como eixos estratégicos.”

Para além dos eixos que o projeto já se propõe atuar, uma das contribuições que apareceram no encontro foi a necessidade de contemplar o acesso à direitos e cidadania como linha de ação. Este eixo abordaria propostas sobre renda mínima familiar para garantia de circulação e uso dos espaços na cidade, programas de transferência de renda e cadastro de programas sociais, tal como é tratado no capítulo 6 da Agenda Rio 2030. Além disso, outro debate desafiador e indispensável para o Santa Cruz 2030 é pensar de que forma as empresas do distrito industrial de Santa Cruz podem contribuir no desenvolvimento do território.

Francisco Jorge, gerente de programas da SerCidadão, relembra que o marco dos 450 anos de Santa Cruz foi importante para trazer a memória a profunda relação histórica do bairro com a fundação do município do Rio de Janeiro. “É chegado o momento de pensar e planejar a Santa Cruz que queremos em 2030. Por isso, decidimos construir um plano participativo de desenvolvimento local com metas e ações capazes de incidir na redução das desigualdade e nos indicadores de desenvolvimento humano. Um dos aspectos do plano será a criação de um fundo de investimento social privado para fomento dos projetos. Temos feito um esforço de articulação para a territorialização deste orçamento, a partir da premissa de que os recursos e as riquezas produzidas pelas empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz precisam ser revertidas para o desenvolvimento local como ação de mitigação do forte impacto ambiental produzido”.

Vitor Mihessen, coordenador de informação da Casa Fluminense, comenta que a construção do Santa Cruz 2030 se origina a partir dos dados socioeconômico locais, no contexto da complexa Zona Oeste, na composição da Região Metropolitana do Rio, e do compromisso em debater a geração de oportunidades para esta juventude. “Afinal, de acordo com o IPS/IPP 2016, 25 mil jovens moradores de Santa Cruz, de 14 a 29 anos, estavam fora da escola e fora do mercado de trabalho. Apenas 8% deles alcançaram o ensino superior. Tristemente a região também atingiu recorde de homicídios de jovens negros, em 2016, no comparativo entre as seis regiões administrativas da Zona Oeste”.

O próximo encontro do Santa Cruz 2030 já tem data e lugar. Será neste sábado, dia 10 de agosto, no Instituto Permacultura Lab (CIEP 312 Raul Ryff – Estrada dos Vieiras s/n – Paciência). Então, se você é da Zona Oeste e/ou se interessou pela proposta do Santa Cruz 2030, participe.

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