Por Julia Michaels
Com população de 228 mil pessoas (Censo IBGE de 2010), o município de Magé está a 58 quilômetros do centro da cidade do Rio. De carro, sem trânsito, a viagem dura uma hora – com pedágio de R$ 12,20 por trecho. De trem ou ônibus, pode durar mais de duas horas. Cerca de 20% da população ocupada, 17 mil pessoas, trabalham na capital. Outros 10% se deslocam diariamente para a vizinha Caxias. Da mesma forma, sofrem com a baixa qualidade do transporte público na região.
O isolamento de Magé, aliado à baixa quantidade e qualidade de empregos formais no município, tem impacto direto sobre a qualidade de vida de seus moradores. Estes e outros argumentos foram apresentados pelo economista Vitor Mihessen, coordenador de informação da Casa Fluminense e especialista em mobilidade urbana, no segundo Congresso do Transporte Ferroviário da Baixada Fluminense, realizado neste sábado, no Colégio Geraldo Isaura, em Piabetá (Magé).
Organizado pelo Projeto Central, movimento que engloba representantes municipais e estaduais, o Clube de Engenharia, sindicatos, associações, movimentos e oito prefeituras da área metropolitana, o evento debateu propostas para modificar a relação emprego-mobilidade na região.
Para os mageenses, o tempo médio da viagem para chegar ao trabalho é de 48 minutos. Em Belford Roxo, que está a 31 quilômetros do Rio, a média é de 60 minutos. A explicação é que uma parcela menor de sua população consegue se empregar na capital. Sem opção, acaba por cair na informalidade na própria cidade.
Depois do diagnóstico, as propostas
Pelo lado do emprego, Vitor assinalou o caminho da provisão de infraestrutura, da capacitação de futuros trabalhadores e da concessão de incentivos fiscais, por parte dos municípios, para atrair empresas e postos de trabalho, de modo a fomentar o desenvolvimento local. Pelo lado da mobilidade, o Projeto Central luta há anos pelo revitalização dos trens – que, pelos seus trilhos, fizeram o desenho geográfico da região.
Com mais de trezentos membros, o movimento tem agenda plena de diálogo com autoridades, representantes e com a concessionária SuperVia. Em resumo, suas reivindicações são:
- A recuperação da via permanente da malha ferroviária dos ramais de bitola estreita de toda a região metropolitana do Rio de Janeiro
- Obras nas estações com a implantação de VLTs nos ramais de Vila Inhomirim e Guapimirim, com expansão aos ramais da bitola estreita da região metropolitana
- Reabertura com revitalização do trecho de Magé-Guapimirim-Visconde de Itaboraí-Tanguá-Rio Bonito, integrando com a Linha 3 do metrô ou monotrilho de Niterói-Itaboraí, devolução do trecho ferroviário ao estado pela empresa Ferrovia Centro-Atlântico
- Reabertura com revitalização do trecho de Guia de Pacobaíba (Magé, Mauá) – Piabetá (Magé), com instalação de trens de turismo ou VLT
- Reabertura com revitalização do trecho de Japeri- Paracambi- Barra do Piraí, o projeto Barrinha
- Reabertura com revitalização do trecho de Belford-Roxo- Honório Gurgel- Deodoro
- Reabertura com revitalização do trecho de Santa-Cruz-Itaguaí-Mangaratiba
Para mais informações, assista ao mini-documentário O trem nosso de cada dia neste link. Para acompanhar o movimento Projeto Central e suas reivindicações, curta sua página no Facebook. O ativista Jorge Gonzaga Azulão mantém um blog sobre a região e escreve com frequência sobre o transporte ferroviário.
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