Em meio às ladeiras de Babilônia e Chapéu Mangueira, duas comunidades situadas na zona sul do Rio de Janeiro, é desenvolvido o trabalho da Cooperativa Percília e Lúcio, que Bruna Paiva atua como presidente. A Casa Flu foi até lá para acompanhar uma atividade do projeto Recicla Babi & Chapéu, fruto da Cooperativa que trouxe uma série de oficinas para os cooperados e os moradores da região, trabalhando a consciência ambiental e a justiça climática no território.
Bruna, já engajada no mundo da reciclagem, teve a ideia de realizar o projeto a partir da Cooperativa para criar uma formação que compartilhasse técnicas ambientais, desde a separação adequada dos resíduos até a transformação desses materiais em produtos rentáveis. Além disso, ela traz um olhar mais humano para o trabalho de catação de resíduos recicláveis, como metais e plásticos, que contribui significativamente para o meio ambiente e para a economia local.
A herança da justiça climática
O trabalho da Cooperativa, que vai além da reciclagem, é impulsionado pelo legado deixado por dois líderes comunitários: Percília e Lúcio. Percília, de Babilônia, e Lúcio, do Chapéu Mangueira, que foram figuras fundamentais para as favelas em que viviam. Segundo Bruna, eles lutaram pelos direitos da comunidade, como o saneamento básico, deixando um exemplo de determinação e resistência na luta por justiça climática.
“É muito importante a gente saber da nossa história, porque hoje a gente faz parte do engajamento comunitário, de onde viemos e de onde que vem essa luta. Percília e Lúcio foram pessoas fundamentais para trazer o saneamento para a comunidade e para as escolas da região. Pessoas que lutaram para que os nossos direitos enquanto comunidade fosse exercido de forma correta”, destaca Bruna, honrando o legado das lideranças.
Apoiados pelo “Edital Agenda Rio 2030: Enfrentamento ao Racismo Ambiental, Geração Cidadã de Dados e Incidência Política”, a Cooperativa trabalha alinhada com a justiça climática, se inspirando na herança deixada por Percília, Lúcio e outras lideranças que já passaram por lá. O trabalho deles é um exemplo de como as tecnologias ancestrais se perpetuam nas favelas e periferias do Rio, sendo deixadas como herança, levando em direção à luta por um futuro mais sustentável.
Babi e Chapéu 2030
A Cooperativa busca nos próximos anos continuar trabalhando para expandir seu impacto positivo nas favelas, fazendo um trabalho integral com os cooperados e trabalhando nas formações de práticas sustentáveis dessas pessoas. “Nós entendemos que tem que ser uma missão integral, a gente precisa falar com os cooperados, explicar e construir uma educação cooperativista”, compartilhou Bruna.
O coletivo, que trabalhou em apoio para a construção da Usina Solar Adalberto, localizada no telhado da Associação dos Moradores da Babilônia, tem a meta de até o final do ano conseguir apoiar mais 100 famílias do território, recebendo créditos a partir da energia fotovoltaica e tendo desconto na sua conta de luz.
A Cooperativa busca não apenas continuar suas aulas de reciclagem, mas também promover iniciativas que possam criar oportunidades econômicas e educacionais para os cooperados. E com a inspiração do passado e o comprometimento com o futuro, eles seguem comprometidos em passar o legado adiante.