A Baixada Fluminense tem apenas 34 salas de cinema, juntando os cinemas das suas treze cidades. Segundo dados do Mapa da Desigualdade, a cidade do Rio de Janeiro tem sozinha 216 salas de exibição. Essa discrepância de acesso torna os cineclubes uma herança e tecnologia vital para cultura baixadense, um dos mais conhecidos é o Mate com Angu. Foi durante uma oficina fornecida pelo Mate, que a Pamela Ohnitram e um grupo de amigos de Nova Iguaçu tiveram a ideia de criar um cineclube em Austin. Dez anos passaram e o Xuxu Comxis roda a Baixada com suas mostras itinerantes e oficinas multidisciplinares.
“Eu nem sabia o que era documentário, fazia filme e experimentava, mas foi lá no Mate com Angu que me ensinaram que contar a sua história é um tipo de documentário. Isso me fez querer mostrar para as pessoas que todo mundo é capaz de fazer isso, não só quem está em Hollywood. É um outro tipo de consumo de audiovisual, bem mais acessível e que a gente consegue ver”, contou Pamela.
O nome Xuxu Comxis é uma homenagem dos fundadores à antiga Rua Chuchu, atual Rua Lima, onde a ideia surgiu em Austin. Além do cineclube, o projeto sempre produziu também outros tipos de intervenções artistas pelos territórios da Baixada com shows, slams e performances, além de oferecer oficinas para as crianças.
“O nome vem dessa lembrança identitária e reforça nosso objetivo de fortalecimento local também. Isso é muito importante, mostrar que a gente não precisa sair do nosso território para ter acesso a tudo, temos muitas potências locais e a gente tem que fortalecer. Então quando estamos em um local, fomentamos o comércio da região enquanto tentamos levar mais cultura para aqueles moradores”, pontuou a fundadora do cineclube.
Com apoio do Fundo Casa Fluminense, o Xuxu Comxis organizou duas oficinas em bibliotecas comunitárias de Nova Iguaçu levantando temas como audiovisual e reflorestamento com as crianças do entorno. Esses alunos depois participaram de uma excursão até a Serra do Vulcão, uma Área de Preservação Ambiental que passa por um processo de reflorestamento. Foi um dia inteiro de atividade com exibição de curtas, rodas literárias, shows e brincadeiras unindo cultura e meio ambiente.
“Não podemos virar as costas para o que está acontecendo com o meio ambiente, é o momento de todos os setores reafirmaram e defenderem o que temos”, resumiu Pamela.