A articulação do Programa Santa Cruz 2030 avançou em mais uma etapa com a realização do curso de formação voltado para as lideranças locais. O objetivo do curso é criar coletivamente uma agenda de desenvolvimento local para a região administrativa de Santa Cruz, que compreende os bairros de Sepetiba e Paciência. Ao longo desta semana, os líderes comunitários da zona oeste selecionados participaram do Curso Santa Cruz 2030 na sede da Ser Cidadão, com a metodologia do Programa Active Citizens ou Cidadãos Ativa, do Conselho Britânico. O curso é uma parceria entre a Casa Fluminense, a Ser Cidadão e o Conselho Britânico.
Entre as questões discutidas durante o primeiro encontro do curso, realizado nesta quarta-feira (5/02), está a importância da educação patrimonial para o desenvolvimento do pertencimento local e valorização da memória. Segundo os participantes, a valorização da história do bairro pode garantir que, no futuro, os moradores se reconheçam como parte do lugar onde vivem e tenham orgulho. Essa foi uma das estratégias apontadas para estimular um senso de responsabilidade e desejo de participação nos moradores da região, o que facilitaria a mobilização comunitária.
Até o próximo sábado (08/02), o grupo vai finalizar o Plano Santa Cruz 2030, a partir de quatro eixos temáticos: trabalho e renda, educação, saúde e cultura. O plano vai apontar as prioridades para o desenvolvimento inclusivo e sustentável de Santa Cruz, Paciência e Sepetiba, e será lançado no mês de março durante seminário do programa. Uma visão de futuro para uma região em que 26,5% dos 95.819 jovens, de 14 a 29 anos, que residem em Santa Cruz, estavam fora da escola e fora do mercado de trabalho (Censo 2010).
Na abertura do curso, a coordenadora sênior de sociedade do Conselho Britânico, Ana Bessa, falou sobre como o curso pode contribuir para a criação de uma rede de projetos locais. “Nossa expectativa é contribuir para o desenvolvimento local de Santa Cruz e adjacências através do empoderamento das lideranças locais e do engajamento desses ativistas que já desenvolvem iniciativas no local. Nosso desejo é que eles possam conhecer outras iniciativas da região e trabalhem juntos em prol dessa agenda Santa Cruz 2030, que é tão importante”, projeta a coordenadora.
Perfil dos participantes, Zona oeste presente em peso
“Quando eu vi essa oportunidade de participar do curso, pensei: ‘cara é perfeito!’. Porque a gente não vê debates sobre sustentabilidade e de relações ecológicas aqui, voltadas para a zona oeste. Isso é muito difícil de ver por aqui. Foi perfeito porque eu estou começando um projeto perto da minha casa e no curso vou ter novas ideias e conhecer pessoas que podem ampliar o meu projeto para alcançar não só meu bairro vizinho, mas sim uma região inteira. Não só Paciência, mas Santa Cruz e Sepetiba.” – – Leandro Teixeira, morador de Paciência, é aluno de engenharia ambiental da UFRRJ e desenvolve um projeto de hortas nas escolas.
“Acredito que a zona oeste precisa ser unida, porque são áreas historicamente preteridas e segregadas. O Ecomuseu de Sepetiba pode compartilhar um pouco da nossa experiência e resiliência. A gente consegue se refazer diante de um monte de adversidades, dificuldades e escassez de recursos. É possível sim fazer alguma coisa com pouco.” – – Bianca Wild, produtora do Ecomuseu de Sepetiba e membro da Associação Brasileiras de Ecomuseus Comunitários (Abremc).
“Quero trazer um pouco daquilo que eu venho aprendendo dentro da comunidade e trocar experiências com outros gestores. Juntos podemos contribuir para esse desenvolvimento local. Estamos em um momento difícil, principalmente para área cultural e social. É nestas áreas que a gente precisa unir forças para tentar contribuir.“ – – Cláudia Pereira de Siqueira, moradora de Santa Cruz (Conjunto João XXIII), gestora comunitária há mais de 25 anos.